O Suplemento Especial de Crédito Rural do Valor Econômico
29 de novembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: capacidade dos agentes envolvidos em superar as dificuldades, lamentáveis colocações pessimistas, mudanças que vieram ocorrendo ao longo do tempo
Muitos admitem que o setor rural brasileiro ao longo de cerca de cinco décadas veio sendo o sustentáculo da economia brasileira, mesmo com todas as limitações existentes. As restrições existentes como de crédito rural disponível foram superadas por novas formas de obtenção de recursos para as necessidades do setor agrícola.
Gráfico ilustrativo constante do Suplemento Especial de Crédito Rural do jornal Valor Econômico, que merece ser lido em sua íntegra
É compreensível que a imprensa brasileira, enfrentando as mesmas dificuldades pelas quais passa a mundial com a redução de publicidades e dos seus leitores, notadamente na versão impressa, procure formas para obter recursos para o custeio de suas atividades. O Valor Econômico vem elaborando de forma eficiente diversos suplementos que interessam a setores específicos, onde alguns anúncios de entidades permitem a sua viabilidade. Mas nem sempre as matérias possuem a qualidade de atrair os leitores ou satisfazer os patrocinadores, como no caso em que se trata do crédito rural.
Mudanças importantes vieram ocorrendo ao longo de mais de 50 anos, onde comecei a ter a minha participação pessoal como diretor do Banco Central que em fins da década dos sessenta tinha esta responsabilidade. Estávamos procurando aproveitar a onda da Revolução Verde, buscando aumentar a produtividade do setor rural. Em fins dos anos 1970 já havia escassez de crédito subsidiado e novos mecanismos foram sendo descobertos pelos operadores do setor de agronegócios para financiamento de suas necessidades. Estamos preparando um relatório mais completo de toda esta evolução que, mesmo com todas as suas dificuldades, permitiram que o setor desse a sua contribuição importante para o desenvolvimento da economia brasileira.
Lamentavelmente, não era o que ocorria no setor industrial, no setor público e somente no setor terciário de serviços é que havia um acompanhamento razoável de toda a economia. Apesar das análises pessimistas, o setor rural foi o principal sustentáculo da economia brasileira, ainda que existam limitações de toda a ordem que não permitem o aproveitamento de todas as potencialidades do setor rural da economia brasileira.
Caminhou-se da exagerada importância do setor cafeeiro para uma diversificação que permitiu até a sua inserção no mercado mundial. Hoje, muitas das empresas do setor estão ligadas à bolsa de Chicago e adotam tecnologias de ponta para se manter competitivos no mercado internacional. Foram incorporadas as mais variadas formas de financiamento de suas atividades, mesmo que os subsídios de crédito rural tenham perdido a sua importância.