The Economist e a Vitória de Donald Trump
11 de novembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a democracia liberal ocidental em questão, a globalização questionada, incapacidade de compartilhar os benefícios da prosperidade aos norte-americanos comuns, superando as limitações de Donald Trump, uma esperança parecida com a atribuída a Ronald Regan no passado
Tarefas importantes deverão ser executadas pelo governo de Donald Trump para preencher o vazio que se criou, segundo o The Economist. Para provar que a democracia liberal é capaz de promover melhor a melhoria do bem-estar para toda a população com a preservação da liberdade política.
Barack Obama recebe Donald Trump na Casa Branca para preparar a transição em foto publicada no site da Folha de S.Paulo
A revista The Economist menciona que quando caiu o Muro de Berlim parecia ter se comprovado que o capitalismo tinha superado formas socialistas de governo no mundo. No entanto, a vitória de Donald Trump mostrou que décadas de desenvolvimento não foi capaz de atender as aspirações das pessoas comuns, o que já vinha prenunciado com o Brexit na Grã-Bretanha. Mostrou-se que a globalização não proporcionou a melhoria de vida das pessoas em geral, dando uma sensação de falhas nas sociedades liberais democráticas que necessitarão ser corrigidas. Há um espaço que ficou vazio e que terá de ser preenchida de alguma forma.
A última eleição nos Estados Unidos, segundo a revista, não se tratou da simples mudança do governo de um partido para outro. Ele foi alimentado pelo fato evidente que os norte-americanos comuns não têm compartilhado da prosperidade do seu país, com uma clara piora na distribuição da renda e do patrimônio, gerando muitos insatisfeitos. A mobilidade social não foi suficiente para provocar estas mudanças e pode-se acrescentar que muito se deveu a distorção do papel do sistema financeiro neste processo.
A responsabilidade pelo fato foi atribuída aos líderes de Washington que transferiram muitas de suas empresas para o exterior. Os meios de comunicação social foram coniventes neste processo e eleitores simples norte-americanos se sentem ameaçados, havendo quem acredite que imigrantes estrangeiros estão sendo beneficiados, principalmente pelos democratas. Donald Trump percebeu parte deste problema, enquanto Hillary Clinton perfilou ao lado das teses que prejudicaram muitos eleitores democratas irados, uma maioria silenciosa.
O que a revista espera é que Donald Trump e sua equipe tenham a clara compreensão dos problemas atuais e se comportem como Ronald Reagan, que era considerado um simples ator, mas teve a capacidade de delegar para seus auxiliares as tarefas relevantes. Os problemas abundam, muitos difíceis de serem revolvidos como os relacionados com o Oriente Médio. As dificuldades climáticas se agravam exigindo recursos para a sua solução. Os Estados Unidos precisam definir suas alianças com outros países, tanto na NATO com relação à Rússia como no Extremo Oriente com relação à China.
Donald Trump teria de entender que as críticas serão ampliadas pela cadeira que ocupa envolvendo até possíveis irregularidades de suas atividades particulares, tendo a capacidade diplomática para superá-las. Sua eleição representa uma rejeição aos liberais, inclusive ao The Economist, devendo continuar ocorrendo em outros países. Outras posições semelhantes têm sido divulgadas por outros meios de comunicação social de importância no mundo. Sua equipe necessitará de muita competência e delegação de poderes para enfrentar tão ampla gama de problemas, conseguindo melhorar a situação dos norte-americanos simples como os que estão em situação semelhantes em outros países democráticos.
Os desafios são gigantescos, havendo necessidade de consolidar firmes convicções ideológicas, pelo papel de liderança que os Estados Unidos desempenham em todo o mundo.