A Dificuldade do Governo Michel Temer Está no NY Times

2 de dezembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: artigo de Simon Romero, lamentáveis repercussões no exterior, situação conhecida no Brasil | 3 Comentários »

Os brasileiros bem informados acompanham cotidianamente as dificuldades que estão sendo enfrentadas pelo governo Michel Temer, mas quando as mesmas são claramente colocadas em meios de comunicação social importante no mundo, como o The New York Times, num artigo elaborado pelo seu correspondente no Brasil, suas repercussões tendem a ser ampliadas.

Quando um político experiente como Michel Temer enfrenta tantas dificuldades com os ministros que nomeou para o seu gabinete, observa-se que o presidencialismo parlamentar adotado por ele tem uma dificuldade institucional como já apontamos neste site. Se um ex-ministro gravou alguns dos seus telefonemas, isto acaba sendo um sinal preocupante do nível que se atingiu moralmente. Ele já perdeu seis ministros num período bastante curto e não encontra um substituto adequado para funções relevantes no relacionamento com o Congresso Nacional.

Os parlamentares distorcem as medidas anticorrupção que deveriam ser aprovadas, exigindo de Temer uma manifestação clara de veto se estas mudanças forem aprovadas, ampliando suas dificuldades que já são muitas com a sua elevada impopularidade. Deseja deixar claro que está a favor do combate à corrupção, mas ficam claras as divergências entre os muitos políticos que estão sendo atingidos, membros expressivos do Judiciário, como o juiz federal Aldo Moro, de Curitiba, considerado um líder desta campanha e até um ministro do Supremo Tribunal Federal como Gilmar Mendes.

O presidente do Senado Federal Renan Calheiros que bem ou mal vem ajudando no encaminhamento dos assuntos de interesse do Executivo está indiciado como réu pelo Supremo Tribunal Federal, a economia continua dando sinais de que continua sem recuperação e o Congresso mostra suas dificuldades para aprovação de medidas rigorosas para controle das despesas públicas. Dúvidas sobre o seu principal ministro responsável pela política econômica começam a ser levantadas.

Os Estados brasileiros bem como Municípios importantes não estão em condições de honrar seus compromissos neste final do ano e mesmo com seus pronunciamentos o presidente não consegue incutir nos empresários brasileiros e estrangeiros confiança suficiente para que retomem seus investimentos.

Novos acordos de leniência, como os que estão sendo elaborados pelo grupo Odebrecht, devem atingir mais políticos, inclusive de membros do governo. Acaba se confirmando que a situação aparenta ser mais complexa do que quando Dilma Rousseff estava no comando do governo.

Não há sinais de que os detalhes das medidas de contenção dos gastos estejam avançando para resolver a situação macroeconômica, onde somente discursos não são eficientes para a execução de tarefas difíceis. Não fica claro que haja uma proposta detalhada de equacionamento da Previdência Social, que atinge militares, funcionários públicos, parlamentares e a toda a população. Tudo aparenta um inferno astral que coloca em risco até a continuidade do Governo Michel Temer para completar o seu curto mandato.

Procurando-se aspectos positivos, nota-se que setores que poderiam aliviar a situação econômica como o agrícola e as exportações que geram, com um câmbio desvalorizado que ajudaria a ampliar o emprego no país, não merecem a atenção devida, dada as prioridades na redução da inflação, redução da taxa de juros e ganhos adequados para o setor bancário de algumas autoridades.

Parte da opinião pública interpreta que o governo não está adequadamente composto para que uma equipe homogênea tenha as condições para superar todas as dificuldades que se acumulam, num mundo onde o sentimento popular nacionalista está se aprofundando, limitando a globalização que facilitava o comércio internacional.

Não é uma situação invejável, mas há que continuar vivendo.