Avaliação do The Economist Sobre 2016
24 de dezembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: as mudanças que estão se processando no mundo, aumento das intervenções governamentais, avaliação da liberal The Economist, uma tendência de fortalecimento do nacionalismo
Num artigo do tipo editorial publicado pela revista liberal The Economist no seu site, lamenta-se que o mundo tenha caminhado para uma tendência nacionalista, com prejuízo para as posições liberais que vinham provocando o aumento da globalização. Não se menciona, porém, é que esta mudança ocorreu pela acentuada concentração das economias, onde os mais privilegiados foram beneficiados às custas da piora na distribuição dos benefícios do desenvolvimento. (Charge publicada no The Economist)
O artigo coloca que houve uma espécie de repreensão a um tipo de liberalismo em 2016, mas que os liberais em vez de se considerarem derrotados deveriam se sentir revigorados para novos embates nas orientações econômicas e políticas. Ele admite que os liberalismos como defendidos pelo The Economist nas economias e sociedades abertas, com estímulo a livre troca de bens, capitais, pessoas onde as liberdades universais são protegidas do abuso do Estado sofreram um retrocesso. Mas não admite que parte disto ocorreu pela piora na distribuição dos benefícios do desenvolvimento, com a concentração da renda e da riqueza provocando a reação dos insatisfeitos.
Faze uma lista de onde se registraram retrocessos e aponta que a Rússia e a China figuram entre os beneficiados, com seus regimes políticos que retrocederam, na visão da revista. Mesmo admitindo que isto tenha ocorrido, não apresenta medidas para corrigir as concentrações verificadas, que seriam algumas das causas destes movimentos que não podem ser considerados como uma evolução positiva ao longo da história.
Certamente com que ocorreu no Reino Unido e nos Estados Unidos chega a ser uma surpresa para o mundo, mas não observar que a concentração já provocava a insatisfação crescente de parte importante da população parece ter sido um erro. Havia que se ampliar os serviços para os idosos, os doentes, os desempregados e as minorias que não contavam com as mesmas oportunidades dos privilegiados.
Não parece existir uma política clara para se evitar estas concentrações, mas alguns países desenvolvidos de menores dimensões estão permitindo uma distribuição mais adequada dos benefícios do desenvolvimento, mesmo não se almejando uma igualdade. É possível aprender um pouco com as boas experiências, mostrando que o mundo não se coloca entre dois extremos, mas existem muitas posições intermediárias que também propiciam as vantagens destas orientações.
E o que vai ficando claro é que os seres humanos não perseguem somente os ganhos econômicos, mas desejam a liberdade bem como a melhoria do padrão de vida, que envolve saúde e a preservação do meio ambiente, entre muitos outros valores.