Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Confronto Entre Algumas Ideias Básicas Para o Futuro

29 de dezembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a ideia do Belt e Road chinês que recebe apoios dos empresários do Ocidente, o exemplo da aliança Estados Unidos com o Japão decorrente do encontro em Pearl Harbor, o pragmatismo com projetos concretos

clip_image002Quando se verifica o que poderia estar dentro da proposta de um encontro de Barack Obama e Shinzo Abe em Pearl Harbor, compara-se com o que está num artigo publicado por Don Kanak, presidente da Eastspring Investment no site da Nikkei Asian Review sobre o Belt and Road chinês, que resume a posição de muitas autoridades e empresários de peso no mundo. Fica-se com a impressão que enquanto o primeiro está tratando do passado, o outro parece apontar as possibilidades futuras no mundo atual, que está recebendo adesões mesmo soando mirabolante na sua dimensão. (Shinzo Abe e Barack Obama pagam respeito às vitimas do bombardeio japonês sobre Pearl Harbor em 1941)

Ainda que Shinzo Abe tenha sido o quarto primeiro-ministro japonês a visitar Pearl Harbor, é o primeiro que o fez na companhia do presidente Barack Obama o ato soou como inoportuno. Efetuado no fim do mandato do presidente norte-americano, quando o presidente eleito Donald Trump efetua pronunciamentos sugerindo mudanças na atual aliança entre os Estados Unidos com o Japão acaba-se ficando com a impressão de um fato desfocado no tempo, ainda que as relações entre países costumem ser mantidos mesmo com as mudanças habituais dos governos.

Tudo indica que o TPP – TransPacific Partnership, que vinha sendo apoiado pelos dois mandatários com foco no fortalecimento dos intercâmbios entre os países da bacia do Pacífico, encontra-se em xeque no momento. Estas questões deveriam ser tratadas com o presidente eleito que deverá assumir o governo dos Estados Unidos em menos de um mês e tem um mandato para o futuro. O contraponto a estes arranjos, em qualquer circunstância, continuará sendo a China que lidera, entre outras iniciativas, o programa Belt and Road que continua recebendo o apoio de muitos países, inclusive de importantes empresários do Ocidente.

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Possíveis rotas do programa Belt and Road de iniciativa chinesa

O problema fundamental parece ser que o mundo atual enfrenta muitas dificuldades e o que poderia se fazer para estimular o intercâmbio internacional, aproveitando as potencialidades que existem nos países emergentes. Eles continuam apresentando crescimentos populacionais com recursos humanos que poderiam ser aproveitados no aumento da produção visando a melhoria do nível de bem-estar da população mundial. Com o envelhecimento das populações no mundo, as suas demandas de serviços de saúde, de previdência social e todas as necessidades sociais tendem a aumentar e é preciso providenciar aumentos de produções para atendê-los. Ao mesmo tempo, elevam se as necessidades para a preservação do meio ambiente, pois as agressões à natureza parecem provocar aumentos de dificuldades climáticas em todo o mundo.

O aumento do desemprego em muitas partes do mundo tende a provocar problemas políticos acelerando as migrações. Medidas de restrição do comércio internacional não indicam avanços, pois a recente globalização que se verificou nas últimas décadas proporcionou melhorias sensíveis nos padrões de vida de muitas populações, inclusive em países emergentes. Entre as medidas que aceleram a criação de emprego sempre figuraram os investimentos em infraestrutura, que agora contam com parcerias com grupos privados. O artigo de Don Kanak estima serem necessários 382 milhões de novos empregos nos próximos 15 anos.

Os recursos necessários para estas obras são astronômicos. A McKinsey estima em US$ 49 trilhões até 2030 para o financiamento da infraestrutura. Além dos bancos de fomento já existentes para tanto se adiciona agora o Asian Infrastructure Investment Bank, que já conta com 45 países como acionistas.

Don Kanak arrola empresas como a General Eletric, a Honeywell, a Philips, a Maesk e outras ligadas à infraestrutura e à logística como interessadas no projeto comandado pelos chineses, o que parece natural. Entre as duas alternativas parece que a dos chineses tem melhores condições de se tornar uma realidade, ainda que em parte e com a demora de muitas décadas. É evidente que algo de construtivo terá que ser feito para canalizar as forças mundiais, pois de outra forma a tendência das tensões parecem aumentar.