Reação Diferenciada dos Brasileiros com a Previdência
9 de dezembro de 2016
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: comportamento das poupanças voluntárias, diferença dos brasileiros com os asiáticos, impossibilidade da Previdência Social atender aos aposentados | 2 Comentários »
Mesmo com os intensos debates que começam a ser travados sobre as mudanças da Previdência Social no Brasil, os mais sensatos deveriam admitir que as aposentadorias continuam sendo insuficientes para manter o seu atual padrão de vida, havendo necessidade de aumento das poupanças para assegurar uma velhice digna.
As tabelas constantes do artigo de Adriana Cotias publicada no Valor Econômico, que vale a pena ser lido na sua íntegra
Por mais exatas que sejam as estimativas feitas hoje para as aposentadorias a serem recebidas pelos brasileiros depois de longos anos de trabalho, lamentavelmente costumam não se concretizar. É preciso admitir que depois de mais de 25 anos de contribuição, os aposentados teriam direito a R$ 5,2 mil no máximo, sendo a maioria com valores inferiores, como demonstra o quadro acima.
Mesmo que os sistemas de aposentadorias de outros países possam ser considerados eficientes, como os dos asiáticos ou países de inverno rigoroso, verifica-se que também seus valores são normalmente insuficientes. Mas naqueles países com os quais nos preocupamos verifica-se que as aposentadorias oficiais insuficientes forçaram a população a efetuar poupanças voluntárias para atender as suas necessidades quando estivesse com idade avançada. São estas elevadas poupanças asiáticas que financiam uma boa parte das necessidades dos seus investimentos públicos e privados.
Lamentavelmente, o mesmo comportamento não se observa entre a maioria dos brasileiros que imagina haver um “milagre” ou outra fonte qualquer para assegurar as necessidades de seus descendentes. Os asilos públicos não permitem uma vida digna e somente uns privilegiados poderiam contar com casas de repouso privadas ou outras formas para manter sua qualidade de sua vida quando do período ativo de trabalho. Este parece ser um fenômeno comum em países tropicais onde a natureza costuma ser dadivosa, tendo como comer ou enfrentar as adversidades do clima. Mas, infelizmente, isto está se tornando cada vez mais difícil e deveria mudar o comportamento destas populações, o que não vem ocorrendo.
Parece conveniente que os meios de comunicação social insistissem em chamar atenção para o problema, evitando que tantos brasileiros acreditem que contarão com um sistema previdenciário para atender suas necessidades. Lamentavelmente, uma minoria de brasileiros acumula patrimônios que permitem uma vida digna na sua velhice.
Brasileiro realmente adora atacar os sintomas, nunca as causas dos problemas. Somos como aquele marido traído que pega a esposa no sofá com um amante e decide se livrar do móvel para combater o adultério. Pouco racional, para dizer o mínimo. Tudo muito desejável, claro. Mas que tal a gente não fugir do cerne da questão dessa vez, para variar um pouco?
Vejamos o caso dos juros, um dos mais impactantes no orçamento. Como ser contra uma redução maior? Mas alguém acha mesmo que basta voluntarismo aqui? Não foi exatamente o que fez o governo Dilma, com consequências terríveis?
Estamos como o cachorro que corre atrás do próprio rabo. Precisamos cortar os gastos com juros e aliviar o custo dos investimentos, mas ao mesmo tempo não podemos fazer isso sem antes cortar os gastos públicos, caso contrário teremos mais inflação. A sensação que dá é a de que muitos estão esperando um milagre. Compreende-se a impaciência: a devastação econômica foi brutal, e o PT nos legou 12 milhões de desempregados. Não há tempo a perder.
Mas sem acertar o foco, teremos apenas frustrações, buscando bodes expiatórios no processo. Culpa do Meirelles! Culpa do Bacen! Se ao menos colocássemos alguém mais ousado no comando da economia…
Sinto muito, mas não funciona assim. Não há bala de prata. Eis o verdadeiro problema: o governo quebrou, faliu o estado. Os investimentos não vão retomar enquanto a situação macroeconômica continuar assim. E são os investimentos produtivos que puxam a economia de forma sustentável.
Quem culpa um suposto arrocho fiscal pela contínua queda da atividade o faz ou por ignorância ou por má-fé. Os gastos públicos estão estáveis, não houve queda, e foi justamente o seu crescimento descontrolado na era petista que nos trouxe a esse caos. Querem mais veneno para curar a doença? Seria como tratar da leucemia com sanguessugas. O grande mal a ser combatido é exatamente o excesso de governo. Por isso a importância da PEC do teto. Por isso a necessidade da reforma previdenciária. O governo deveria cortar na carne, eliminar privilégios do setor público. O resto é distração. E como o leitor mais atento terá percebido, tais medidas não dependem do ministro ou do presidente do Bacen, e sim do Congresso – que parece mais preocupado em salvar a própria pele da Lava Jato do que em salvar o País. Aí complica…
Caro Diego,
Muito obrigado pelos seus comentários.
Paulo Yokota