Mudanças Significativas na Economia e na Política no Mundo
18 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: aumento moderado da inflação no mundo desenvolvido, diferenças do lado real da economia com os resultados das pesquisas de opinião pública, efeitos dos anúncios estapafúrdios de Donald Trump, investimentos da indústria automobilística mundial nos Estados Unidos
As interpretações mais superficiais baseadas nas pesquisas de opinião pública informando que Donald Trump assume o governo dos Estados Unidos com menor prestígio popular são verdadeiras, mas os empresários que são mais pragmáticos, como os da indústria automobilística mundial, anunciam volumosos investimentos na ampliação de sua capacidade naquele país, antecipando-se à orientação do novo governo. Ao mesmo tempo, começam a se registrar ligeiros aumentos das pressões inflacionárias.
Gráficos publicados no The Economist, que mostram as tendências de aumento da inflação de forma moderada, ajudam a melhorar as perspectivas econômicas
Ninguém e eu mesmo não aprecio a radicalização verbal que parece ocorrer nos Estados Unidos com muitos democratas, artistas imprensa e personalidades se posicionando contra a posse do presidente eleito Donald Trump, possivelmente diante de seus muitos pronunciamentos estapafúrdios. Mas as muitas informações de empresas gigantescas da indústria automobilística anunciando grandes investimentos nos Estados Unidos mostram que os empresários são mais pragmáticos e já estão beneficiando aquele país, com sensíveis prejuízos para o México.
A revista The Economist anuncia que a inflação no mundo em desenvolvimento tende a crescer moderadamente, melhorando as expectativas de todos como demonstrado nos gráficos acima. O nível de desemprego nos Estados Unidos está nos patamares mais baixos de sua história recente e os salários reais devem melhorar, o que acaba provocando mudanças na percepção objetiva da situação, podendo beneficiar o governo Donald Trump, apesar de suas manifestações radicais, populistas e nacionalistas. No fundo, ainda que todos tenham simpatias pelos ídolos artísticos, o que interessa mesmo para a população é emprego, salário e condições indicativas do seu bem-estar social.
Até os economistas, sempre centrados na queda da inflação, estão constatando que a deflação provoca mais problemas e algo em torno de 2% ao ano de aumento dos preços acabaria estimulando a melhoria das condições da maioria. E a economia tem grande influência na política, como todos sabem.
Isto vem ocorrendo também em outros países desenvolvidos, ainda que de modo moderado e demandando algum tempo, mas as expectativas que se modificam mais rapidamente acabam tendo uma influência importante.
Charge constante do artigo do The Economist, cuja íntegra deve ser lida por conter muitas outras informações relevantes
A economia e a política brasileira se apresentam como discrepantes de muitos outros países, inclusive emergentes, não apresentando sinais de melhoras, apesar da propaganda oficial. Em Davos, Xi Jinping pronunciou-se a favor do aumento do comércio internacional afirmando que medidas restritivas não beneficiariam a ninguém, notadamente quando a China, considerada agora como uma economia de mercado plena, não poderá sofrer sanções nas importações dos seus produtos pelo resto do mundo, segundo as regras do Conselho Mundial de Comércio.
Tudo indica que o Brasil necessita de um diagnóstico mais completo de sua situação para aproveitar as situações que estão sendo criadas na economia mundial. O Brasil, na administração democrata, não se beneficiou do mercado norte-americano, como o México e o Canadá. As mudanças do NAFTA – North America Free Trade Agreement e do TPP – TransPacific Agreement acabam não prejudicando o Brasil, no mínimo. É hora de ampliar os acordos de livre comércio que forem possíveis, para aproveitar os vácuos que estão se criando.
De imediato, uma política cambial mais pragmática poderia ajudar as exportações brasileiras e criação do emprego tão necessárias. Já seria um começo que alteraria a expectativa, pois, mesmo em Davos, apesar de muitos pronunciamentos oficiais otimistas, os mais realistas estão admitindo que só em 2018 poderia se contar com algumas melhorias para o Brasil.