O Problema da Educação e Saúde no Brasil
9 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: começam no relacionamento das crianças com os pais, crise nos municípios e estados prejudicam a educação e a saúde, problemas de longo prazo
Todos sabem que os problemas de educação e saúde são prioritários para o país, começando nas relações das crianças com os pais e as dificuldades econômicas e políticas enfrentadas atualmente pelos municípios e estados dificultam suas soluções vitais para a qualidade dos recursos humanos no Brasil.
Economista Flavio Cunha, professor da Universidade de Rice e pesquisador do Centro de Estudos da População da Universidade de Pensilvânia, nos Estados Unidos. Ele concedeu uma entrevista ao Valor Econômico, cuja leitura na íntegra é recomendável.
Em que pese a importância da educação e da saúde para a determinação da qualidade dos recursos humanos, muitos entendem que são problemas os detectados pelos resultados que os estudantes brasileiros obtêm no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA, que têm sido lamentáveis, e como se isto fosse possível de ser resolvido pelas mudanças curriculares, entre outras medidas. O economista e professor Flavio Cunha vem se dedicando aos estudos da educação, como poucos profissionais brasileiros e começa por informar que a sua solução só pode ocorrer no longo prazo, começando pela revisão da importante relação das crianças com seus pais que, pelo exemplo, incutem importantes comportamentos antes mesmo que elas comecem a frequentar qualquer tipo de instituição de ensino.
As gestões dos ministros e secretários da educação têm sido curtas e nem todos eles são especialistas na matéria, enquanto as instituições governamentais que deveriam cuidar do assunto nem sempre contam com quadros estáveis de funcionários que possuem o poder de manter uma orientação clara por um longo período. Ainda assim, em alguns estados existem escolas públicas que poderiam ser consideradas bons exemplos e mereceriam ser reproduzidos localmente ou transmitir seus trabalhos para outras regiões.
O entrevistado não se mostra muito otimista com a situação brasileira, pois sendo a educação um problema de longo prazo que necessita de recursos estáveis nem sempre se observam os atendimentos das condições mínimas necessárias. O status dos professores para a sociedade brasileira não é dos mais altos e suas remunerações estão sensivelmente abaixo dos profissionais que possuem cursos correspondentes em outras formações. Como são numerosos, os limitados recursos orçamentários não permitem suas melhoras e nem cursos de aperfeiçoamentos destes profissionais.
Parece se sugerir que os políticos brasileiros não são capazes de atribuir prioridades efetivas para a educação e a saúde nos orçamentos, pois estão interessados em resultados de curto prazo. Parece que os pais atuais não tiveram a formação que os permitam perceber o que é relevante para a educação dos seus filhos, onde o seu próprio papel é importante. Nota-se que atribuem aos professores e dirigentes das escolas as responsabilidades pela educação dos seus filhos, como se fossem capazes de fazer milagres com as próprias formações insuficientes e remunerações não condizentes.
É evidente que existem escolas privadas de alto custo que podem atender aos filhos dos privilegiados. Mas para a população brasileira, para não se agravar a distribuição dos benefícios do desenvolvimento, a prioridade deve ser a da escola pública, que deve ter o mínimo de qualidade desejável. Já houve períodos no Brasil onde elas eram mais relevantes que muitas particulares, mas também para um número limitado de alunos.
O que parece que está acontecendo é que, mesmo em regiões consideradas menos desenvolvidas do país, onde foi possível que os país se interessassem em apoiar os professores e dirigentes de escolas públicas, a qualidade do ensino tem sido marcante. Isto mostra que com muito trabalho há possibilidade de importantes aperfeiçoamentos na educação, mas que exigem planejamentos e gestões que demandam muito tempo. O professor Flavio Cunha chama a atenção sobre a necessidade de avaliação adequada dos custos destas melhorias na educação e saúde, ainda que esta última esteja restrita aos dos estudantes e principalmente sua mãe.