O Problema na Educação em Todo o Mundo
29 de janeiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: a contribuição de Confúcio, além da educação formal, o valor atribuído à educação no sentido mais amplo, os efeitos da Reforma na Europa, um problema cultural
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São fortes os indícios que estaria havendo uma tendência de deterioração do valor atribuído à educação no seu sentido mais amplo, que extravasa a formal. Seria um problema cultural que a superficialidade hoje dominante com a velocidade das informações, que não pode ser confundida com o valor atribuído à educação em uma sociedade. Isto se torna mais dramático nas sociedades emergentes que não tiveram tempo para consolidar uma cultura que dê o devido valor à educação que não se restringe a obtenção de diplomas de cursos mal feitos.
Foto constante do artigo do The Economist, informando que nos Estados Unidos também muitos professores de matemática, ciências e disciplinas especiais bilíngues não têm a formação desejada
Dois artigos perturbadores foram publicados na última edição da revista The Economist. Um informa que mesmo nos Estados Unidos estariam sendo insuficiente os professores adequadamente preparados para o ensino de matemática, ciências e disciplinas especiais para educação bilíngue indispensável no atual mundo globalizado. Havia naquele país, historicamente uma cultura foi levada pelos peregrinos influenciados pelas Reformas, como de Lutero, que atribuíam um elevado valor para a educação que começa em casa, dos pais para os filhos, pois havia necessidade da população estar habilitada para a leitura da Bíblia. Também na Ásia, principalmente na China, Confúcio teria contribuído para a educação no sentido mais amplo, dando um status elevado na sociedade para os professores, os pais e todos os veteranos que transmitiam para os jovens a cultura de um povo.
Tudo indica que no mundo atual deu-se um exagerado valor à velocidade das informações, mesmo superficiais, fazendo com que os seres humanos reajam mais com suas emoções, não estando adequadamente preparados para raciocinar efetuando as adequadas reflexões com base no que a humanidade veio acumulando de conhecimento ao longo de milênios. Ao mesmo tempo, em países menos desenvolvidos, em vez de livros e bibliotecas estão usando tablets para a educação formal mais rápida de grande massa de populações que não tinham nenhum acesso às escolas, dependendo somente dos ensinamentos do cotidiano dados pelos seus pais ou mais idosos. Ainda que isto seja um avanço, este tipo de educação ainda não é suficiente.
Em alguns lugares na África os professores estão usando tablets para as suas aulas, o que é melhor do que nada, Foto constante do artigo publicado no The Economist
Em países amplos como o Brasil, notadamente emergentes, as diferenças regionais da educação são acentuadas, havendo honrosas exceções que mostram a existência de caminhos para o seu aperfeiçoamento. O que se lamenta é o fato de muitos pais entenderem que a educação formal é suficiente, sendo de responsabilidade dos professores e dirigentes do setor, eximindo-se do papel fundamental dos pais com os seus exemplos para os filhos.
Não havendo uma sensível mudança cultural do valor da educação no sentido mais amplo, ainda que o Brasil tenha sido beneficiado com as imigrações de diversas origens que trouxeram as suas contribuições e cuja miscigenação é relevante para o mundo globalizado, não parece que teremos vantagens diante das nossas insuficiências. Se professores usufruem salários sensivelmente mais baixos em relação a outros profissionais com formações correspondentes, não se pode esperar que os melhores quadros se dediquem nem mesmo para a educação formal.
Como os gastos com a educação formal são elevados, com muitos funcionários públicos fora de suas atividades fins, parece difícil que se consiga uma educação formal de qualidade, mesmo existindo casos que possam servir de exemplo, como o do Estado do Ceará. Todas as alternativas devem ser tentadas, inclusive com a adaptação da proporcionada à distância com origem no exterior. Mas é preciso estabelecer uma prioridade, pois sempre os recursos disponíveis serão escassos.
A educação é coisa séria e é necssário se contar com muitos profissionais preocupados com a elaboração de programas que aparentemente devem começar com os pais. Sendo um instrumento fundamental para o desenvolvimento de uma sociedade, não somente do ponto de vista econômico, não pode ser deixado aos azares das decisões de políticos que possuem uma visão imediatista, pois os resultados só podem ser colhidos no longo prazo, infelizmente. Não existem milagres.