Austrália e China Melhoram Suas Relações Econômicas
8 de fevereiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: diversificação dos relacionamentos, lições para o Japão, reação ao protecionismo nos Estados Unidos e na União Europeia
Ainda que a Austrália seja uma aliada dos Estados Unidos, ela procura incrementar os seus relacionamentos econômicos com a China, diversificando o seu comércio internacional. A exagerada dependência aos norte-americanos, principalmente nestes períodos de Donald Trump, acaba sendo muito arriscada. A Austrália já tinha aderido ao AIIB – Asian Infrastructure Investment Bank liderada pela China, o que os Estados Unidos estavam evitando. (Foto do ministro de Relações Exteriores da China, Wang Yi, e a ministra de Negócios Estrangeiros da Austrália, Julie Bishop, que se reuniram no Parlamento para firmar o acordo de cooperação econômica, publicada no China Daily)
Esta diversificação do comércio exterior é um passo importante que os aliados tradicionais dos Estados Unidos precisam promover, servindo como um exemplo para o Japão que, além de depender fortemente do comércio com os norte-americanos, custeia o grosso da aliança militar para a sua proteção internacional, que os Estados Unidos estão cada vez mais incapacitados para assegurar.
Ainda que existam divergências políticas dos japoneses com os chineses, como os australianos certamente também têm, não há como insistir em manter somente um bloco. O Japão depende fortemente dos seus vizinhos asiáticos e do Pacífico, não podendo ficar dependendo tanto dos norte-americanos, que passam por um período difícil de nacionalismo populista, como também sofre a União Europeia com o Brexit do Reino Unido.
No próximo sábado estarão reunidos em Washington Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão, com o Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, havendo necessidade de acertar um acordo razoável para a difícil questão da indústria automobilística, entre outros problemas. Mesmo que os Estados Unidos sejam o mercado mais substancioso para as indústrias japonesas de veículos, há que se pensar no que vai continua expandindo no futuro.
A China, a Índia e outros países do Sudeste Asiático, como da Bacia do Pacífico, são mercados que continuarão em expansão, necessitando serem alvos dos japoneses. Este exemplo da Austrália com a China também mostra a necessidade dos países latino-americanos aumentarem suas diversificações de comércio e de outras cooperações, como os relacionados com os desenvolvimentos tecnológicos indispensáveis para a recuperação do crescimento econômico.
Mesmo com as diferenças ideológicas da Austrália com a China, há necessidade de pragmatismo para estas questões, além das econômicas. O Brasil já mantém um intenso relacionamento com a China, mas também necessita intensificar estas relações como outros países asiáticos como a Índia e até concorrentes como a Austrália. O Brasil é uma potência regional, mesmo com todos os seus pesares, e precisa ampliar a sua visão internacional e não ficar somente patinando com seus graves problemas internos.