Xi Jinping Almeja o Status de Mao e Deng
28 de fevereiro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: os japoneses estão entre os que mais analisam a evolução política na China, Xi Jinping usa o combate à corrupção para continuar monopolizando o poder naquele país
Se Mao Zedong é considerado o líder que levou a China ao comunismo e Deng Xiaping provocou a reforma que abriu aquele país para o mundo, Xi Jinping almeja ser considerado com o mesmo status dos dois na história do seu país, consolidando o seu poder pelo combate à corrupção. Um artigo de Katsuji Nakazawa publicado no site do Nikkei Asian Review relata a disputa que está ocorrendo e os japoneses estão entre os mais informados sobre o assunto. (Os 20 anos da morte de Deng Xiaping não mereceu muito destaque na China, principalmente em Beijing, ele que aparece na foto ilustrando matéria publicada no Nikkei Asian Review)
A imprensa oficial da China, comandada pela People’s Daily, Xinhua News Agency e pela China Central Television, segue a orientação do atual secretário geral do Partido Comunista Chinês, Xi Jinping, que centraliza o máximo poder de que usufrui um líder chinês, que é divulgada pelo governo. Entre as facções ainda influentes estão os dos antigos secretários gerais Ziang Zemin e Hu Jintao, antecessores a Xi Jinping e estão sendo desgastados. A disputa se centraliza na próxima renovação do órgão máximo do PCC, o Politburo Standing Committee, onde Xi Jinping e o premiê Li Keqiang devem permanecer, com a mudança dos demais.
O artigo de Katsuji Nakazawa informa que o PCC está dividido entre três grandes grupos: o de Xi Jinping, a facção do Youth League e o do Jiang Zemin. Informa-se que Xi Jinping possui hoje mais poder e influência do que no passado e pretende continuar com o combate à corrupção. Deseja consolidar a marca que contribuiu decisivamente para o ressurgimento da China, como um polo dialético do Ocidente, muito dividido atualmente.
O secretário geral do PCC costuma contar com dois mandatos que devem terminar em 2022 e ele até já conseguiu ser considerado o “núcleo” do partido em outubro último, significando que os demais seriam periféricos. A disputa deverá ser acirrada até outubro deste ano, quando o PCC reorganizará sua liderança no Congresso Nacional.
Na realidade, Xi Jinping está se aproximando muito da figura de Mao, pois numa sociedade ainda não totalmente democrática esta centralização acaba sendo exagerada, ainda que um mínimo de composição se torne indispensável, mas com seus adversários sendo desgastados por ligações com elementos considerados corruptos.
Se mesmo num país onde a imprensa é bastante livre há dificuldades de se informar tudo que acontece nos bastidores, na China algumas manifestações contrárias ao governo não possuem uma importância decisiva, mas também não podem ser totalmente ignoradas.
Parece inadequado que alguns analistas internacionais continuem dando importância ao que está acontecendo nos Estados Unidos tendo como contraponto a Rússia, que parece já ter se tornando menos importante, com a ascensão da China que necessita ser acompanhada com maior cuidado, apesar das suas dificuldades.
Mesmo no caso do Brasil, as relações econômicas e os investimentos chineses na infraestrutura exigem que a imprensa dê maior atenção aos problemas que estão ocorrendo na China do ponto de vista político, que tem fortes consequências sobre as questões econômicas, talvez menos ideologicamente.