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As Novas Concessões de Aeroportos Brasileiros

16 de março de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: ainda que os resultados possam ser considerados satisfatórios, alguns exemplos anteriores de serviços públicos provocaram canibalizações, é preciso aguardar algum tempo para uma avaliação mais profunda, necessidade de remunerações futuras | 2 Comentários »

clip_image002Em tempos de poucas notícias positivas é natural que o governo considere os resultados dos leilões das concessões de alguns aeroportos como um sucesso, mas nem todos estão conscientes que estes investimentos devem ser remunerados ao longo dos próximos anos.

O tradicional Aeroporto Salgado Filho de Porto Alegre, que será agora administrado pelo grupo vencedor do leilão

Como muitos serviços públicos já foram leiloados e estão sendo administrados pelos grupos vencedores, espera-se que erros cometidos no passado estejam sendo superados. No caso da distribuição de energia elétrica em São Paulo, como da telefonia, existem muitas críticas, pois os serviços não melhoram segundo muitos usuários. Os grupos vencedores “canibalizaram” estes serviços vendendo muitos dos seus equipamentos para pagar as dívidas que tinham contraído para a concorrência, sem que investimentos fossem efetuados para a melhoria dos serviços prestados na distribuição de energia elétrica. No caso da telefonia, de um sistema gigantesco e complexo, os vencedores que só tinham administrado sistemas mais simples tiveram um longo tempo para aprender a geri-la, o que ainda não está satisfatório. Espera-se que nos casos destes aeroportos não se repita estas amargas experiências, dependendo muito da agência fiscalizadora que costuma sofrer fortes pressões das empresas concessionárias.

O fato concreto é que a Infraero, a estatal que vinha operando estes aeroportos, é pouco eficiente e não conta com capacidade para efetuar os investimentos indispensáveis para a melhoria dos serviços. Espera-se que os grupos estrangeiros tenham outras experiências que possam ser aproveitadas no Brasil. Por ora, merecem os votos de confiança inicial, principalmente por que os vencedores não contam com participações dos grupos brasileiros que poderiam ter estas experiências das condições locais.

O ponto crucial que não vem sendo discutido pela imprensa é que estes investimentos terão que ser remunerados e reembolsados, pois não são doações, aos custos dos investimentos internacionais, em moeda estrangeira. Os grupos que desistiram das participações avaliaram que as demandas projetadas para substanciais crescimentos futuros caíram de forma significativa nos últimos meses e que os custos das melhorias dos serviços tiveram acréscimos. Os riscos empresariais aumentaram significativamente levando-os à desistência e não havendo muitas concorrências os preços das licitações baixaram. É a dura realidade que não deve ser comemorada.

Também os custos dos financiamentos internacionais tendem a elevar-se, ainda que ligeiramente. Não era normal que permanecessem extremamente baixo por tanto tempo, o que o FED norte-americano já começa a corrigir. Ainda que os resultados sejam modestos, sempre é melhor que o leilão tenha sido concluído, o que abre perspectivas novas para o futuro, quando o governo não pode fazer investimentos e nem tem competência para administrá-los.


2 Comentários para “As Novas Concessões de Aeroportos Brasileiros”

  1. Milton Ifuki
    1  escreveu às 17:29 em 18 de março de 2017:

    Creio que nas privatizações anteriores houve ainda o financiamento subsidiado do BNDES e a participação dos fundos de pensão.
    Mas a saída da Infraero e a maior a familiaridade dos vencedores com a administração do negócio, trazem bons alentos.

  2. Paulo Yokota
    2  escreveu às 21:03 em 19 de março de 2017:

    Caro Milton Ifuki,

    Esperamos que estas empresas estrangeiras que venceram as licitações tenham capacidade para que estes investimentos ajudem a gerar as divisas que necessitamos para honrar os compromissos com a remuneração dos mesmos, pois ficamos com compromissos de honra-los com divisas externas. Se eles pagam ágios é que esperam retornos elevados, mas a atual política cambial não está ajudando as exportações que geram estes recursos.

    Paulo Yokota