Exagero na Valorização Cambial no Brasil
10 de março de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: exagero na valorização cambial no Brasil que não depende do comércio internacional, há necessidade evidente que as autoridades monetárias devem interferir nos casos de exageros, mas dos fluxos financeiros, o mercado apresenta suas insuficiências, que podem se acentuar com a elevação dos juros nos EUA | 2 Comentários »
Já existem muitas informações de que o setor agrícola que vinha sustentando a economia brasileira está sendo prejudicado com o câmbio atual que não compensa as insuficiências da infraestrutura. Também setores industriais que poderiam ajudar no aumento do emprego local e ativação da economia, como o dos calçados, não conta com competitividade devido a este câmbio.
Os produtores de milho e soja de Mato Grosso, estado importante na produção destes cereais, se sentem desestimulados com o câmbio atual
Todos sabem que a economia brasileira não apresentou um resultado mais desestimulante pela produção agropecuária que sustentou parte substancial dos agronegócios com uma colheita na atual safra que compensou o clima desfavorável da anterior. Ela poderia continuar estimulando todos os serviços como indústrias a elas ligadas, mas o câmbio exageradamente valorizado está reduzindo a sua rentabilidade. As dificuldades com as estradas para o seu escoamento agravam a situação, quando se sabe que o câmbio atual diante da falta de atuação das autoridades monetárias está sendo comandado pelos fluxos financeiros e não pelo comércio internacional.
Parece evidente que as autoridades monetárias não devem se preocupar somente com a situação do sistema bancário que necessitam de rentabilidade para compensar os pesados créditos inadimplentes feitos com atividades principalmente relacionados à Petrobras e ao pré-sal. O antigo Conselho Monetário Nacional tinha uma visão mais ampla e os Estados Unidos como os outros países evidenciam que não se concentram somente nos dados inflacionários, mas também com o nível do emprego e da atividade econômica em todo o país.
Ainda que os aumentos das reservas internacionais acabem apresentando um custo, com a diferença entre o que se consegue com a sua aplicação e os custos da dívida interna, há que se considerar que os juros internacionais tendem a se elevar, ao mesmo tempo em que internamente tendam a se reduzir. As autoridades monetárias contam com espaço suficiente para evitar uma valorização exagerada do câmbio que está até aumentando os gastos dos turismos internacionais.
Não parece conveniente sacrificar-se as atividades rurais que dependem fortemente do câmbio e que promovem parte importante da geração de divisas e do emprego. A política econômica é uma arte e não se deve restringir ao controle da taxa de juros para o exercício da política monetária, cujos efeitos estão se constatando que é muito mais complexo do que pretendem os dirigentes do Banco Central do Brasil.
Há que ponderar o conjunto dos resultados da economia, principalmente quando o controle da política fiscal vem apresentando mais dificuldades do que esperado pelo governo. Quando o câmbio está prejudicando muitas outras atividades, como as industriais que podem ajudar na recuperação do emprego e do nível de atividade, há que se atentar mais para os aspectos reais da economia, que não se restringe ao setor financeiro mais relacionado com as atuais autoridades monetárias.
Essa briga do câmbio é antiga e você tem falado dela bastante no site
Muito bom
Caro Mauricio,
Obrigado pelo comentário. O câmbio é realmente muito importante e não deve ser utilizado de forma errada. Agora, por exemplo, comenta-se muito sobre a brusca queda da inflação, acima do esperado pelas autoridades. Uma desvalorização provocaria uma melhoria da renda dos agricultores que são uns heróis, e também provocaria um pouco de inflação, pois o câmbio indica os preços chamados relativos. O que critico é a proteção exagerada do setor financeiro, em prejuízo dos produtores de qualquer mercadoria, que criando emprego, resolveria parte dos difíceis problemas da economia brasileira. Obrigado,
Paulo Yokota