Mudanças Arriscadas na Economia Agrícola do Japão
29 de março de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: aumento das importações, o papel da Zen-Noh que representa a cúpula das cooperativas, redução da produção agrícola japonesa
As mudanças que estão ocorrendo no Japão com a importação de muitos produtos agrícolas provocam alterações perigosas na cúpula das cooperativas do país, chamada Zen-Noh.
O complexo sistema de administração da agricultura japonesa passa por substanciais mudanças
A economia japonesa já teve um sistema complexo de administração do chamado Japan Inc., onde a cúpula do setor privado era representada pelo Keidanren – Federação das Organizações Econômicas do Japão que se coordenava adequadamente com o governo e o setor político daquele país. Na sua agricultura que já foi mais importante, pois havia uma espécie de monopólio interno da produção de arroz, o seu controle era efetuado pelas cooperativas agrícolas. Elas tinham o maior banco do mundo, tal era a poupança gerada pelos produtores, que chegou a ser um grande financiador do Brasil.
Hoje, cerca de 70% do abastecimento de produtos agrícolas que podem ser encontrados nos supermercados japoneses são importados, principalmente da China, mas também dos Estados Unidos como do Brasil. Isto provoca mudanças significativas nas instituições japonesas relacionadas com o setor rural.
Um artigo publicado no The Japan News, com base numa noticia distribuída pela agência Jiji, informa que novas mudanças substanciais estão sendo introduzidas, com riscos elevados, segundo no nosso ponto de vista.
A The National Federation of Agricultural Cooperative Associação, abreviadamente conhecida como JA Zen-Noh, expandirá as vendas por ela efetuadas de forma direta para seus membros agricultores. O que atualmente seria de 40% pretende passar para 90% no ano fiscal de 2024, evitando atacadistas intermediários. As vendas de vegetais tem o objetivo de chegar a 55%.
As vendas de produtos para os agricultores, como fertilizantes, que é o centro dos negócios da JA Zen-Noh, a transformará em uma empresa de trading, passando dos atuais 400 para 10. As vendas de arroz e vegetais, inclusive para exportação, devem chegar a 34 bilhões de yens em 2019. Os negócios como dos fertilizantes serão feitos por um sistema online, como aspectos financeiros e de seguros.
O próprio presidente da JA Zen-Noh admite que isto seja um programa ambicioso. O risco de toda esta operação é que os produtores são agricultores com longas experiências e a cúpula também tem grande tradição de trading como de finanças, mas acaba sendo feita pelos burocratas que fizeram a sua carreira na JA Zen-Noh, anteriormente realizada pelas tradings e pelos bancos.
Em outros países do mundo, estas funções eram efetuadas por empresas e bancos diferentes. Há que se admitir que os japoneses sempre tivessem um sistema peculiar e diferenciado, esperando-se que todas estas alterações tenham sucesso.