O Mínimo de Sinais Positivos na Política Externa Japonesa
25 de abril de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: designação do vice-ministro de negócios estrangeiros para negociar o TPP, independência com relação à política de Donald Trump, os problemas com a Coreia do Norte, os problemas de Okinawa
Desde o final da Segunda Guerra Mundial, a política externa japonesa ficou fortemente dependente dos Estados Unidos, havendo conveniência que tenha algumas diferenças como no caso da TPP – TransPacific Partnership. Mas existem outros como da Coreia do Norte e de Okinawa, onde os japoneses continuam dependendo exageradamente dos Estados Unidos.
Keiichi Katakami, vice-ministro de negócios estrangeiros do Japão, encarregado de negociar o TPP – TransPacific Partnership sem os Estados Unidos
Como o Japão adota o regime parlamentarista de governo, os vice-ministros dos diversos ministérios acabam sendo os burocratas mais hierarquizados na administração pública, com imenso poder, mais do que muitos parlamentares responsáveis pelos aspectos políticos e podem ser mudados com as conveniências do governo. Na administração do país, esta poderosa burocracia procura manter as políticas estáveis que ultrapassam os mandatos dos parlamentares que podem, a qualquer momento, ter que enfrentar novas eleições, como no caso da dissolução da Dieta.
Com a eleição de Donald Trump, os Estados Unidos que vinham discutindo com outros países o TPP – TransPacific Partnership se retiraram dos entendimentos deixando seus parceiros como órfãos nas diretrizes para a continuidade do comércio exterior que enfatizava a globalização, procurando reduzir as barreiras alfandegárias e outras que dificultavam a continuidade da expansão do comércio internacional. O Japão e alguns outros países procuram dar continuidade a estas propostas para os quais já foram despendidos muitos esforços e negociações de alta complexidade, mesmo sem a participação dos Estados Unidos. Seria esta uma oportunidade do Brasil que não participa do Pacífico tentar entendimentos com estes países, pois alternativas continuam difíceis.
No que se refere ao Extremo Oriente, onde a Coreia do Norte ainda não sofre uma forte pressão da China para o abandono de suas malucas pretensões atômicas, mesmo os Estados Unidos não contam com alternativas que evitem riscos para os seus principais aliados, como a Coreia do Sul e o Japão. Tudo indica que os chineses estão aproveitando a crise para manter os norte-americanos em xeque, enquanto avançam nas suas outras possibilidades como a consolidação do AIIB – Asian Infrastructure Investment Bank, comandada pela China, que está se tornando mais importante que o Banco Mundial.
Ainda que a presença das tropas norte-americanas em Okinawa seja motivo de constantes atritos com a população local, que num percentual de 65% não aceita este fato, o fato concreto é que a segurança da Ásia continua dependendo de sua presença na região. Os japoneses como um todo sabem que isto é inevitável, mas muitos incidentes de soldados com a população acabam sendo motivo de crises contínuas. Resolver este grave problema é muito difícil, mas uma atitude mais ativa da política externa japonesa deve exigir um comportamento mais razoável dos membros destas tropas. Com o decorrer do tempo, os países da Ásia devem procurar reduzir a sua dependência da presença de militares norte-americanos na região, o que vai demandar ainda muito tempo. Deve-se reconhecer que os Estados Unidos não possuem mais o poder que tinham no pós-guerra.