Privilégios de São Paulo

23 de abril de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: Gastronomia, o que existe disponível para a população, saindo dos noticiários deprimentes | 2 Comentários »

Quando as informações climáticas não dão segurança de que num fim de semana mais longo o tempo estará bom, como o que ligou o feriado de Tiradentes ao sábado e domingo, uma parte da população acaba gozando o seu lazer numa metrópole como São Paulo. O noticiário da imprensa atual parece procurar deixar a população deprimente e esta cidade oferece alegrias que contrabalanceiam para manter a nossa sanidade.

A Peixaria Bar e Venda tornou-se em poucos anos um grande atrativo na Vila Madalena e uma boa refeição pode ter custos módicos

Alguns leitores acham que este site faz algum tipo de merchandising para sobreviver, mas para manter a sua inteira liberdade de criticar ou elogiar não aceita publicidade ou qualquer facilidade. A Vila Madalena é um bairro que mesmo tendo começado de uma fazenda que homenageava três irmãs (Madalena, Beatriz e Ida) acabou se tornando um setor desta metrópole paulistana que, aproveitando imóveis antes baratos, comportava uma vida noturna descontraída. Algo como Soho, em Nova York, ao sul (South) da rua Houdson até o Chinatown. A fama que ganhou tornou-a mais conhecida que Pinheiros e muitos se incluem nos seus limites, ainda que estejam fora da área.

Numa esquina instalou-se há poucos anos a Peixaria Bar e Venda, que já ocupa até as calçadas como seus interiores irregulares que ficam superlotados de clientes, onde pode se escolher o peixe que pode ser grelhado na brasa ou preparado das formas mais variadas. Quem desejar gastar pouco pode ficar com sardinhas grelhadas ao ponto e outros acompanhamentos para uma cerveja. Mas os que desejarem um almoço mais demorado podem solicitar que se prepare uma moqueca com o peixe escolhido, que acaba ficando com um preço mais salgado. Um bom programa para um feriado, ainda que o serviço seja um pouco confuso.

Poucos lugares no mundo oferecem as variedades de alimentos como o Varejão do Ceagesp, que aparece parcialmente nesta foto

No sábado, São Paulo oferece uma demorada visita pelo Varejão do Ceagesp, quando se descobre muitas frutas, legumes e verduras que nem sempre se encontram em outros locais. Um agrônomo amigo, Antonio Ueda, que tem uma banca por lá, me apresentou a um agricultor viajado, Jorge Morikawa, que planta novas folhagens de origem francesa de forma orgânica e sua esposa mantém lá a sua banca. Depois de boas conversas informativas, ele presenteou-me com uma salada de variados tipos numa adequada embalagem plástica, com produtos menores que os normais, que já limpos estão pontos para serem consumidos.

Informa-se que existem planos para a mudança do Ceagesp, mas com todas as limitações das autoridades brasileiras é de se esperar que isto só ocorra dentro de muitos anos.

Passei como usualmente por algumas bancas de frutas e entre outras comprei algumas peras asiáticas que podem ser comparadas com as que se apreciam em Tóquio. Evidentemente sem as embalagens de luxo usadas no Japão, mas com preços muito mais baixos.

O cartaz da 4ª Queijaria de Rua na Vila Madalena

Neste sábado, havia um programa na Vila Madalena, onde se realiza a 4ª Queijaria na Rua. Como todos sabem, os queijos brasileiros estão se tornando comparáveis aos europeus, mas são poucos que oferecem os produtos de qualidade. Um passeio de luxo, lá mesmo no Beco do Batman, onde visitantes com suas câmeras registram também os grafites que se tornaram famosos ao lado dos queijos já famosos, ainda que a arte popular seja condenada por autoridades que desejam evitar concorrências nas manchetes na imprensa.

Beco do Batman na Vila Madalena, conhecido pelos grafites

Voltando para casa, nada mais gratificante que uma salada orgânica, com pedaços de uma pera oriental e generosos pedaços de um bom queijo de cabra. Um pouco de azeite extra virgem de oliva, outros temperos à gosto, tudo para usufruir o melhor que pode ser oferecido de saudável em São Paulo, muito leve. Nada melhor para equilibrar o tsunami de más notícias a que estamos sujeitos.