Baixo Desemprego no Japão Tem Seus Problemas
31 de maio de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: empregos temporários, reclamações mesmo com o baixo nível de desemprego no Japão, redução da oferta de recursos humanos | 2 Comentários »
Mesmo que o Japão tenha atingido o nível de desemprego comparável com o da Islândia, sempre existem os insatisfeitos que apontam as dificuldades existentes naquele país.
Foto de ilustração publicado no The Japan Times
Um artigo originário da agência noticiosa AFP-JIJI foi publicado no The Japan Times informando que o mais baixo nível de desemprego no Japão, que se compara ao da Islândia no grupo dos que compõem a OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico, do qual o Brasil está cogitando participar, estaria em 3,1% em termos anuais. No entanto, o artigo menciona que isto decorre da redução da oferta de recursos humanos pela redução da população japonesa e as dificuldades para a admissão de estrangeiros, notadamente do Sudeste Asiático. Não tem havido um crescimento significativo dos salários no Japão, como nas grandes empresas do tipo Toyota ou Panasonic que elevaram pouco os salários oferecidos, pois muitos estão empregados em serviços temporários, notadamente as mulheres que precisam cuidar também dos seus poucos filhos.
O governo japonês anunciou que em abril último este desemprego chegou a 2,8%, o terceiro consecutivo mais baixo desde 1994. Os empregos oferecidos estão entre os mais elevados nos últimos 43 anos, mas mesmo assim existem reclamações. Uma mulher afirma que depois de ter seu filho está numa situação mais difícil em relação a quando tinha um emprego de tempo integral, pois não pode ir às lojas como com antes porque são poucas as facilidades disponíveis no Japão para cuidar das crianças das mulheres que estão trabalhando temporariamente.
Os críticos afirmam que o atual nível de desemprego não decorre da política do governo chamada Abeconomics. Existem muitos setores, como os dos restaurantes e das entregas rápidas, que não podem ampliar os seus serviços por falta de recursos humanos. O aumento de idosos no Japão criam mais necessidades do que oferecem trabalhadores, pois as imigrações sofrem muitas restrições, principalmente com o domínio do idioma japonês.
O banco central do Japão persegue uma inflação de 2% ao ano, mas não consegue atingir o seu objetivo pela falta de aumento dos salários, o que não aumenta a demanda interna de produtos e serviços, puxando seus preços. Também os críticos apontam que a produtividade dos recursos humanos no Japão não vem se elevando, apesar do uso de robôs e automações de todos os tipos.
Diversos serviços no Japão precisam contar com muitos funcionários, como nas lojas, pois os consumidores japoneses resistem às vendas pela internet e apreciam vendedores corteses oferecendo os produtos em venda, ainda que esse comportamento venha se alterando entre os jovens. Mas que detêm os patrimônios e as rendas que poderiam ser transformadas em compras locais costumam ser os idosos.
Há, portanto, os que apontam que o nível de desemprego do Japão seja um benefício ilusório, mas certamente eles não conhecem as dificuldades onde o desemprego está elevado, como no Brasil.
Interessante a matéria. Nunca tinha pensado na relação emprego/desemprego por este aspecto. Uma notícia no Japan Times fala que o Primeiro Ministro Abe anunciou que o governo estará criando mais de 200 mil vagas em creches até 2020, o que ainda é pouco. O objetivo, é claro, é trazer as mães para preencher os cargos vazios no mercado/indústria.
Caro Carlos Abreu,
Obrigado pelo seu comentário e suas informações adicionais.
Paulo Yokota