Distorções das Imagens que Precisamos Corrigir Como do Irã
22 de maio de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: imagens distorcidas, necessidade de correções e atualizações, preconceitos alimentados | 1 Comentário »
Quando minha filha me informou há alguns anos atrás que desejava visitar sozinho o Irã, confesso que fiquei um pouco preocupado. Mas, depois dos seus relatos, constatei como tinha erroneamente alguns preconceitos.
Cenas do cotidiano em Teerã nos dias atuais
As notícias recentes sobre a tranquila eleição no Irã mostrando cenas atuais da população em Teerã revelam que aquele milenar país, antes chamado de Pérsia, volta a ter uma vida normal deixando os exageros das influências religiosas, demonstram o quanto temos imagens distorcidas destes países do Oriente Médio. Ainda que meu conhecimento de outras partes do mundo seja mais profundo, como sobre a Ásia, da qual os ocidentais possuem ainda imagens exóticas, dá-me uma noção de como possuímos informações distorcidas sobre as regiões que mal conhecemos.
Sempre me lembro de uma excepcional exposição que vi em Paris, no Museu do Oriente Médio, que tratava da profunda cultura da Mesopotâmia, atual Iraque, que tinha sua admirável Babilônia, com o que havia de mais avançado no mundo da época. Não somente seus jardins suspensos alimentados por aquedutos, como as formas pioneiras da imprensa, onde as mensagens eram gravadas em pequenas peças de cerâmica, para serem impressas pelos destinatários. Milênios antes de Gutenberg, que consideramos o pai da imprensa. Ou pela criação dos vidros coloridos que eram utilizados como ornamentos. Estas peças estavam lá na exposição, mostrando como pouco conhecemos até da história.
Minha filha foi acolhida no Irã por uma pessoa que não conhecia, convidada a tomar as refeições juntas. Quando ela informou que continuaria com sua jornada, providenciaram um lanche para que ela levasse na sua viagem para a eventualidade da falta de uma alimentação. Mas, com as divergências políticas principalmente com os Estados Unidos e seus aliados, vendeu-se a ideia que os iranianos eram todos radicais, verdadeiros bárbaros, com posições religiosas extremadas. Mas até a derrubada de Reza Pahlevi era considerado um país dos mais interessantes.
Neste site, um usuário comentou que o uso do etanol no Brasil teria despertado invejas em outros países asiáticos que aumentam os usos de combustíveis alternativos. Expliquei que em torno de 1930 já se usava etanol na China quando estavam em guerra com os japoneses, para movimentar veículos, pois a gasolina era utilizada para fins militares.
Ainda que tenhamos algumas qualidades, parece preciso admitir que existissem conhecimentos que já são amplamente aplicados em outros países que tendemos a considerar menos desenvolvidos que o nosso. Em política, por exemplo, a Índia, que costumamos considerar complicada, mantém um regime democrático com grande eficiência econômica. Parece conveniente que mantenhamos as nossas mentes abertas.
Confundir o povo com o governo de um país é um tanto complicado mesmo. De certa forma, o mesmo pode acabar se aplicando ao Brasil, ainda que muitos do nosso povo façam o desfavor de nos envergonhar fazendo coisas erradas no exterior…