Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Os Problemas do Trânsito no Brasil

31 de maio de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: 400 mil que ficam com sequelas, 47 mil mortes por ano no trânsito, improvisações., seminário da Folha de S.Paulo

clip_image002O assunto é relevante e a Folha de S.Paulo promoveu um Fórum do qual resultou uma espécie de suplemento, que não conseguiu aproveitar os resultados do evento. Um artigo de Mariana Lajolo foi publicado informando que as quantidades anuais de mortes e feridos no trânsito do Brasil são superiores aos de países que enfrentam problemas de guerras.

Foto de acidentado no trânsito fazendo um trabalho de reabilitação constante do suplemento publicado na Folha de S.Paulo que deve ser lido na íntegra

Os que conhecem muitos países no mundo e os problemas do trânsito no Brasil ficam chocados com o baixo valor que os brasileiros atribuem à vida. Além das 47 mil pessoas mortas nos acidentes de trânsito, informa-se que 400 mil ficam feridas ficando com alguma sequela. Muitas estão dirigindo embriagadas ou cansadas, não tomando as cautelas indispensáveis para não perderem suas vidas ou de outros passageiros. Informa-se que 94% dos desastres decorrem de falhas humanas. E os acidentados necessitam de tratamentos de custos elevados para as suas recuperações sobrecarregando a já combalida situação das contas de saúde do País.

A situação é agravada pela infraestrutura rodoviária precária existente no País, com deficiências nas fiscalizações e algumas autoridades irresponsáveis, como o prefeito João Dória aprovando o aumento das velocidades nas marginais da cidade de São Paulo, quando suas reduções tinham provocado a diminuição dos acidentes.

O artigo publicado no suplemento menciona dados da Organização Mundial de Saúde informando que nas Américas o Brasil está somente atrás da República Dominicana, Belize e Venezuela em número relativo de mortes nestes acidentes. O seu custo, segundo dados do Observatório Nacional de Segurança Viária, seria de R$ 56 bilhões, além das mortes que são incalculáveis.

A Ambev divulga o seu programa para a redução dos acidentes dos veículos que utilizam para os seus trabalhos. É uma matéria de maior envergadura, pois os demais são rápidas expressões sem considerações mais profundas, difíceis de serem aproveitadas de forma eficiente.

O artigo de Mariana Lajolo menciona que alguns países, nos últimos 10 anos, conseguiram melhorar os dados destes acidentes, a Espanha em 80%, os Estados Unidos em 20% e a Bélgica em 30%. Por que não copiar parte do que foi feito naqueles países adaptando para o Brasil as medidas que foram tomadas?

Segundo o artigo da Folha, muitos especialistas foram ouvidos sobre as providências necessárias, mas sem uma sistematização mais completa. A primeira seria de engenharia, melhorando estradas, ruas e calçadas, com boas coberturas asfálticas, sinalização adequada, colocações de semáforos, faixa de pedestres e obstáculos para redução das velocidades, espaços para a circulação de bicicletas e outras, como as penalizações dos infratores.

É preciso também reduzir as velocidades permitidas, habilitar os motoristas, investindo na educação, com punições mais rigorosas, ainda que alguns proponham programas com metas específicas ao longo do tempo. Dois artigos mencionam casos que são dramáticos, mas que pouco acrescentam nas medidas necessárias para resolver os problemas.

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Tabela constante do suplemento na Folha de S.Paulo

Tomo a liberdade de acrescentar o que também acumulei de conhecimento sobre o assunto em variados lugares. No Japão, quando os motoristas são flagrados embriagados, também os passageiros são multados pesadamente, pois permitiram que alguém sem condições estivesse dirigindo.

Todos sabem que o problema da educação dos motoristas decorre de uma cultura que adquiriram desde a sua infância. Temos insistido neste site que os pais, quando conduzem seus filhos de veículos para as escolas, necessitam observar todas as regras de trânsito rigorosamente, o que nem sempre fazem, quando é sabido que o exemplo é a melhor aula a ser dada.

Algumas escolas no Brasil, desde os níveis iniciais como o maternal, dão as primeiras indicações sobre o trânsito, como as cores dos sinais para todos. Os pais e outros responsáveis devem ser punidos rigorosamente, pois muitos fornecem veículos para seus filhos e arcam com as multas, quando eles dirigem de forma agressiva no trânsito cometendo acidentes ou prejudicando outros motoristas, com ultrapassagens pela direita, mudanças de faixas e outras inconveniências. Todos sabem que dirigir usando celulares acaba provocando desvios de atenção, mas são punidos somente quando flagrados com esta irregularidade. As empresas de ônibus e de transporte precisam ser pesadamente punidas quando seus funcionários estão trabalhando fora de condições, como muitos dias sem dormir, provocando acidentes.

Muitas sugestões que constam do suplemento podem facilmente ser aproveitadas, como as melhorias de iluminações, poda das árvores e outras que permitam a fácil visualização dos pedestres ou caçambas que estão estacionadas em lugares perigosos. Este suplemento poderia ser aperfeiçoado para amplo conhecimento do público.

Há muito que se fazer, mas parece que os aspectos mais graves relacionados com o trânsito merecem grande prioridade, pois esta guerra está terrível, pior do que aquelas que estão sendo noticiadas nos meios de comunicação, pois os inimigos não estão tão claros.