Pesquisas Promissoras Efetuadas na ESALQ
29 de maio de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: bactéria amazônica ajuda no aumento da produtividade agrícola, comprovados nos laboratórios e no campo com soja e milho, resultados altamente promissores
Poucas vezes se contou com notícias tão alvissareiras como esta. As pesquisas efetuadas na ESALQ – Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, SP, pelos pesquisadores brasileiros e material amazônico se mostram promissoras, com efeitos imediatos no aumento da produção agrícola já obtido em laboratório e que estão sendo confirmados no campo.
Aplicação de Rizobactéria Promotora do Crescimento RZ2MS9 promoveu crescimento de soja (à esquerda) e milho (à direita). Foto: Bruna Durante Batista, constante do artigo publicado no Jornal da USP, que vale a pena ser lido na sua íntegra
O trabalho da biotecnóloga Bruna Durante Batista lhe proporcionou o mestrado e o doutorado com estas pesquisas. Ela foi orientada pelos professores João Lucio de Azevedo e Maria Carolina Quecine Verdi. A pesquisa foi executada na ESALQ, na qual se identificou os genes relacionados às características de promoção do crescimento vegetal da chamada Rizobactéria Promotora do Crescimento das Plantas (RPCP) Bacillus sp RZ2MS9. O estudo teve início em 2010 e mostra que a bactéria encontrada no solo da região amazônica em camadas finas junto às raízes das plantas produz o chamado fitormônio Ácido Indol Acético (AIA), que tem efeito benéfico no crescimento de diversos cultivos, como os de milho e soja, podendo aumentar a produção agrícola, segundo relatado por Caio Albuquerque, da Assessoria de Comunicação da ESALQ, em artigo publicado no Jornal da USP.
O seu potencial de redução e/ou substituição do uso de fertilizantes minerais, insumos que causam grandes impactos ambientais na saúde humana e na economia. Segundo a pesquisadora, no milho o efeito da inoculação bacteriana foi, ainda, associado à adubação nitrogenada para verificar a possibilidade da redução do uso destes insumos. Os bioinoculantes formulados com RPCPs consistem em uma fonte barata não danosa ao ambiente de suplementação nutricional vegetal.
Com um custo de produção inferior a R$ 1,00 por hectare (sic), sua aplicação aumentou o desenvolvimento do milho e soja e provocou um incremento de 16 sacas de milho por hectare com redução de 30% na adubação nitrogenada, assim como um incremento de 11 sacas de soja por hectare, ambos comparados ao controle não inoculado. Como as culturas de milho e da soja representam mais de 80% da área cultivada com grãos no Brasil, é possível avaliar-se a importância destas descobertas na economia brasileira.
O prosseguimento destas pesquisas pode identificar novos produtos que possam ser beneficiados por esta nova tecnologia, que começou com o guaraná, mas não se mostrou adequado para as condições climáticas e demais necessárias para este produto amazônico. Como existem muitas plantas de origem amazônica que estão se mostrando promissores, como o palmito pupunha, o açaí e outros da biodiversidade brasileira, há esperanças que as eficiências agrícolas possam ser ampliadas.
Muitos produtos hoje cultivados no Brasil também exigem nitrogênios que podendo ser substituídos podem se tornar mais competitivos com a redução dos seus custos. É preciso que as autoridades deem os apoios indispensáveis para a ampliação destas pesquisas que se mostram altamente promissoras. Poucas vezes houve algo tão objetivo e concreto que permitam ganhos no setor agrícola brasileiro.