Primeira Visita ao Japan House em São Paulo
5 de maio de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: a primeira exposição temporária tendo como tema o bambu, o local excede as expectativas, paralelo com a Expo Tsukuba 85, pequenas observações
Num espaço relativamente modesto de cerca de 2.600m² pertencente ao Bradesco inaugurou-se a Japan House em São Paulo, que recebeu uma ampla cobertura da imprensa, notadamente pela importância do conteúdo de sua primeira exposição tendo como tema o bambu. Outras já estão programadas, mas podem-se fazer alguns paralelos com outras iniciativas de importância do governo japonês.
Escultura de bambu na entrada do Japan House em São Paulo
Mesmo contando com um orçamento bem maior, a Expo Tsukuba 85 no Japão teve como temas principais o arroz e o aço utilizado no katana dos samurais, que são parte importante da cultura japonesa. Os gigantescos audiovisuais que foram apresentados na ocasião deixaram marcas profundas em todos os que tiveram oportunidade de assisti-los. Agora, os muitos usos que os japoneses fazem do bambu, desde utensílios para o cotidiano até objetos de artes gigantescos como os apresentados no Japan House mostram a mesma relevância dele na cultura japonesa, de forma contemporânea.
Os responsáveis pela instituição como pela exposição capricharam na apresentação, que dá uma boa ideia do que se faz atualmente no Japão com o bambu, fornecendo também uma importante perspectiva histórica. Os visitantes que deverão ser muitos certamente devem adquirir uma visão daquele país que foge das apresentações tradicionais que enfatizam exageradamente nos aspectos exóticos para os ocidentais.
O relativamente pequeno espaço foi bem aproveitado para uma forma de apresentação atualizada, mesmo não se contando com todos os recursos que os conhecedores mais profundos do Japão gostariam que fossem mostrados. Um país rico do ponto de vista cultural com suas particularidades que foram se consolidando ao longo do tempo, mas mantendo uma visão quase zen, limpa, dispensando todos os exageros que dificultam a compreensão do que é realmente relevante. Mas há traços que lembram o que se sofisticou entre os japoneses, fazendo parte de sua cultura e que guarda na sua simplicidade o que poderia ser considerado contemporâneo no mundo atual.
Pequenos seriam os detalhes que ainda podem ser aperfeiçoados na Japan House ao longo do tempo. Compreende-se que os arquitetos tiveram limitações na adaptação do espaço, mas hoje os visitantes idosos são em número relevante, alguns com dificuldades de visões e de cuidados adicionais nos seus deslocamentos. Parece que muitas escadas poderiam ser reduzidas, pois muitos com bengalas precisavam ser ajudados para evitar riscos de quedas. Os corrimãos são insuficientes, mesmo que elevadores tenham sido providenciados para os mais dependentes.
Como o tema é bambu, são estranhos os painéis de papéis sobre telas de arame, quando no Japão os usos de madeiras e bambus com papéis transparentes são marcas fortes de divisórias tradicionais, tanto nos palácios como nas simples residências. São senões insignificantes no seu conjunto, mas estas marcas de preocupações com os detalhes fazem parte da cultura japonesa.