Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

The Economist Entrevista Donald Trump

12 de maio de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: um governo que não teve experiência na administração pública, uma forte posição crítica que em parte é provocada pela posição polêmica do presidente, uma longa entrevista

Há que se admitir que a revista The Economist continua sendo considerada de grande prestígio internacional, pois quando Donald Trump ainda era candidato concedeu uma entrevista a esta revista. Agora, depois de pouco tempo no comando do mais influente país do mundo, volta a conceder outra longa, mesmo sabendo que a posição da revista é muito crítica.

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Foto que é a base da capa do atual número da revista The Economist, que sempre vale a pena ser lida, sabendo de sua posição ideológica e crítica

A matéria principal deste número da The Economist começa com a observação atribuída a Abraham Lincoln, que teria dito (tradução livre): “se você quer testar o caráter de um homem, dê-lhe o poder”. Até agora Donald Trump vem expressando suas opiniões pessoais em atos do governo norte-americano, quando já começa sentir a oposição como do Congresso na sua tentativa de fazer valer o sistema de “check and balance” existente nos Estados Unidos. Ele não pode fazer livremente o que deseja, ainda que mesmo sua equipe conte com componentes de posições diferentes.

Sua ideia é que o atual comércio internacional beneficia os parceiros dos Estados Unidos e não o próprio país, o que o leva a propor mudanças no NAFTA afetando os seus vizinhos, o México e o Canadá. Ao mesmo tempo, posicionou-se contra o TPP prejudicando anos de trabalhos dos seus parceiros na bacia do Pacífico.

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Charge sobre a sua política econômica que poderá ter suas dificuldades, constante da The Economist

Posiciona-se contra a globalização, ainda que tenha proporcionado vantagens para o sistema financeiro norte-americano. Com o que está se denominando Trumponomics, procura colocar os interesses norte-americanos no topo, ainda que a economia local já esteja próxima do pleno emprego. O fato é que a economia dos Estados Unidos vinha sendo prejudicada nos setores básicos de ensino e pesquisa, que acabam perdendo para concorrentes como a China.

Posiciona-se contra o acordo de Paris no que se refere ao controle do clima, estimulando até o uso de combustíveis altamente poluentes como o carvão mineral, que pode se voltar contra o próprio país. Mas as cotações da bolsa estão em alta, com a efervescência das atividades financeiras. Os setores básicos, como o de fornecimento de armamentos, estão sendo estimulados e a infraestrutura em diversas regiões devem ser melhoradas.

Donald Trump admite que ele pensava que administrar os Estados Unidos fosse mais simples, mas além dos problemas internos também necessita tomar posições no resto do mundo, como na Síria e na Coreia do Norte, não podendo fazer o que colocaria em risco seus parceiros aliados. Mas também não pode se manter indiferente, diante das calamidades que ocorrem em diversas partes do mundo.

Para qualquer que fosse o presidente dos Estados Unidos, todas as suas tarefas seriam de pesadas responsabilidades. No mundo que enfrenta muitas dificuldades, ela se torna mais dolorosa, quando não conta com uma eficiente equipe com longa experiência de tudo que o país já veio fazendo por décadas, ao qual se acrescentam novas dificuldades.