Acelera-se a Concentração da Riqueza nos EUA e no Mundo
16 de junho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a aspiração da humanidade pela melhor distribuição da riqueza, dados da Boston Consulting mostram que nos EUA e no mundo ela vem piorando | 2 Comentários »
O Dalai Lama, além de chefe do budismo tibetano, é um dos intelectuais que mais debatem sobre os problemas do mundo. Em seu livro “Além da Religião”, ele mostra que a humanidade aspira pela maior igualdade na distribuição da riqueza, o que não está se conseguindo.
Gráfico constante do artigo publicado no site da Bloomberg.
Um relatório elaborado pelo Boston Consulting informa que a distribuição de riqueza nos Estados Unidos e no Mundo está piorando, com o aumento da concentração, quando depois da Segunda Guerra Mundial veio melhorando por muitas décadas. Hoje, 1% do mundo controla 45% da riqueza mundial, que representa US$ 166,5 trilhões e, pior ainda, devem controlar mais de 50% até 2021. O assunto mereceu um artigo de Ben Steverman e foi publicado no site da Bloomberg.
Se isto decorresse da criatividade e do trabalho destes milionários, até poderia se considerar razoável, mas os estudos indicam que eles são das heranças recebidas, não dependendo dos seus méritos. Isto está ocorrendo de forma mais acentuada nos Estados Unidos, mas também no resto do mundo.
Gráfico da parte da renda nacional de alguns países que vão para o 1% mais rico deste país ao longo de alguns anos, segundo o gráfico publicado no artigo da Bloomberg
Se a situação a distribuição já era precária nos Estados Unidos nas últimas décadas, com o novo governo, tudo indica, deve piorar, se depender do seu presidente. Como a humanidade aspira por maior igualdade, mesmo com os mecanismos de mercado, as tributações deveriam ser mais pesadas aos que mais podem contribuir com o fisco.
No entanto, o que se tem ocorrido nos Estados Unidos e em muitos países do mundo é que sempre se encontram formas de se evitar os pesados impostos sobre as heranças, com a criação de artifícios como a abertura de empresas que ficam com as propriedades, cujas ações passam para os herdeiros e os valores não são corrigidos adequadamente. Também não se consegue tributar adequadamente os chamados ganhos de capital.
Estes tipos de fenômenos são gritantes no Brasil, pois muitos tributos deveriam ser da alçada dos municípios, mas a grande maioria dos prefeitos prefere receber os recursos dos Fundos de Participação e não tributar seus contribuintes conhecidos localmente, que também possuem influências nas eleições. Os que imaginam existirem formas de se corrigir estes evidentes desequilíbrios devem ter a consciência de que se trata de matérias de elevada complexidade, onde poucos países conseguiram soluções razoáveis.
Hoje, li uma matéria no portal Exame, em que o economista André Perfeito analisa o fato de apenas 9,3 % da população economicamente ativa do Brasil ganhar acima de R$ 3.940,00 líquidos por mês!
Isto significa que há uma imensa maioria de pessoas com rendimentos muito medíocres, pra ficar apenas nos salários, sem considerar as rendas de aplicações financeiras, heranças e outras possibilidades destes quase 10% com renda salarial melhorada.
Dinheiro atrai dinheiro e só faz acentuar as diferenças, já gritantes. Há quem diga que o problema central seria baixa produtividade do trabalhador brasileiro, mas não tenho convicção disso, acredito que estamos indo na direção do achatamento salarial generalizado.
Como criar um mercado interno de massas vigoroso com tanta gente ganhando tão mal?
Caro Alyson do Rosário Junior,
Só há uma possibilidade de aumentar a renda dos brasileiro e procurar melhorar a sua distribuição. Aumentar a produção e sua produtividade, mas parece que estamos aumentando a parcela do setor público que não contribui nada para tanto. O governo só pode distribuir o que retira de alguém, e aumentando a carga tributária não estamos dando condições para o aumento da produção.
Paulo Yokota