Esperanças Que as Incertezas Não Prejudiquem a Recuperação
5 de junho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: comparações com outras crises, influência dos problemas políticos, uma reversão do fundo do poço
Um artigo de Ligia Guimarães e Camila Veras Mota publicado no Valor Econômico, com base nos dados elaborados pela LCA Consultores, mostra comparações com o comportamento do PIB brasileiro em crises passadas.
Gráfico publicado no artigo do Valor Econômico elaborado pela LCA Consultores, que vale a pena ser lido na íntegra
O atual ciclo pelo qual passa a economia brasileira tinha muitas semelhanças com os do passado, como de 1981-83 ou de 1989-92, e iniciava a sua recuperação no primeiro trimestre de 2017, como mostram os gráficos sobre a evolução do PIB, elaborado pela LCA Consultores. Mas as atuais incertezas políticas podem afetá-la, não se podendo afirmar qual seria a tendência futura que se possa esperar.
A de 1981-83 foi afetada pela crise petrolífera mundial e a de 1989-92 pela crise financeira internacional, ambas influíram no comportamento do PIB brasileiro como no resto do mundo e tiveram origem no exterior. A atual decorre dos problemas políticos brasileiros e começava a dar sinais de que poderia se recuperar, mas os novos problemas enfrentados pelo governo ampliaram novamente as incertezas que são fundamentais nestes comportamentos.
Tudo indicava que a recuperação possível ocorreria de forma lenta e necessitaria de anos para voltar ao patamar anterior ao seu início, se contasse com a ajuda do setor rural e da mineração, que já apresentavam alguns problemas. Com as incertezas que foram acrescidas, de origem política, não há nenhuma segurança que a economia não seria afetada, como vem procurando afirmar o governo, que tenta algumas reformas previdenciárias e trabalhistas, que não proporcionariam a adequada distribuição dos sacrifícios entre todos da população.
De forma bastante ambiciosa, o governo atual afirmava que outras reformas também seriam tentadas, como a fiscal e a política, ainda que não contasse com uma firme base política de sustentação. Também não estavam detalhadas todas as reformas, havendo muitos analistas que apontavam que não havia um razoável consenso na sociedade brasileira sobre estes aspectos fundamentais para o seu futuro.
Também há que se admitir que o Brasil não estivesse inserido nas correntes que mostram uma tendência de recuperação dos Estados Unidos e o Japão, além de outras que razões diversas estavam com crescimentos expressivos como o da China e da Índia.
Não havia indicações que, salvo em alguns poucos setores os desenvolvimentos tecnológicos fossem expressivos para assegurar que o Brasil estaria competitivo com relação aos seus outros concorrentes na economia mundial. Hoje, parece que o Brasil tornou-se menos importante no contexto global, sendo um país somente marginal que não vem merecendo um papel relevante nas discussões mundiais, lamentavelmente.
O Brasil tem todas as condições naturais e recursos humanos para ter uma posição mais destacada no mundo, mas sem uma visão de prazo mais longo e planos estratégicos para o seu desenvolvimento econômico não parece possível recuperar a atenção que já merecia no conjunto dos países do mundo. Necessita, no entanto, de ter uma formulação mais adequada dos seus problemas políticos, não contando com correntes que os suportem, como lideranças que sejam capazes de galvanizar as vontades coletivas.