Intensificando as Discussões Sobre Agricultura Orgânica
30 de junho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: cuidados que precisam ser tomados, discussões ainda sem uniformidade até na terminologia, tentativas pioneiras também em grandes escalas
Um artigo elaborado por Leandro Nomura e publicado na Folha de S.Paulo mostra que ainda estamos começando a rastejar na agricultura orgânica no Brasil Abordam-se alguns tópicos que teriam sido discutidos no chamado Diálogos Transformadores, promovido por aquele jornal, no tópico Nova Agricultura: Uma Produção Sustentável de Alimentos e Fibras.
Foto constante da matéria na Folha de S.Paulo do que seria uma agrofloresta, que para muitos seria um plantio de variedades diferentes de plantas frutíferas, comestíveis ou industrializáveis feito no meio da floresta, que não parece ser o caso
O que começou a ser considerado produtos da agricultura orgânica no Brasil foram pequenas produções feitas em sítios, no máximo familiares, que não utilizavam fertilizantes ou defensivos químicos, a não ser adubos de origem animal ou vegetal. Uma das iniciativas pioneiras juntava esta produção de muitas famílias em parques como o da Água Branca, em São Paulo, começando a se organizar entidades que recomendavam estas técnicas de produção e seus produtos eram colocados à disposição de consumidores que evitavam produtos que poderiam provocar danos à sua saúde.
Não havia ainda uma certificação de fiscalização dos produtores para constatar que estas práticas eram devidamente obedecidas. Com o tempo, surgiram estabelecimentos que incluíram nas suas vendas produtos considerados orgânicos, ainda que nem sempre obedecessem todas as normas recomendáveis. Estes produtos alcançavam preços um pouco mais elevados, mas a sua escala ainda era modesta. Com o tempo, foram se organizando sítios ou fazendas de maior escala que nem sempre obedeciam todos os critérios desejados.
Alguns destes produtos, que prefiro considerar como saudáveis, adotavam normas diferenciadas, que até podiam se sobrepor aos orgânicos, como os que utilizam a marca Korin, com terras e técnicas que seguem a recomendação de Mokiti Okada. Seria interessante que houvesse uma legislação para definir todos estes termos e critérios para melhor orientação dos consumidores.
Sempre é difícil constatar se todas as normas recomendáveis para cada categoria de produto agrícola estão sendo obedecidas, pois também haveria necessidade de sua constatação ao longo do tempo. As que estão sendo produzidas em larga escala precisam oferecer informações sobre os fertilizantes utilizados bem como as técnicas para se evitar as muitas pragas naturais que aparecem nas explorações agrícolas.
A chamada agrofloresta deveria se basear no principio que a floresta acaba produzindo folhagens que naturalmente se tornam fertilizantes bem como pela diversificação das espécies para não favorecer o aparecimento das pragas que encontram melhores condições para a sua propagação quando existem muitas variedades de plantas da mesma espécie. Não aparenta ser o caso da foto utilizada na ilustração do artigo constante da Folha de S.Paulo, pois não basta estar nos limites das florestas.
Informações provenientes do exterior mencionam diversas irregularidades que estariam sendo cometidas com os chamados produtos orgânicos em muitos países, principalmente quando se envolve o comércio internacional, procurando tirar vantagem do sobrepreço destes produtos no mercado. A discussão mais ampla e regular deste assunto pode esclarecer melhor os consumidores e forçar os produtores e seus intermediários na adoção de critérios mais acessíveis para os consumidores.