Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

50 Anos da ASEAN e sua Indústria Automobilística

31 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: começou para evitar o comunismo, suplemento especial do Nikkei Asian Review, uma verdadeira integração com divisão de trabalho

imageHiroshi Kotani escreveu um artigo de extremo interesse, publicado no site do Nikkei Asian Review, mostrando como os países membros do ASEAN – Associação das Nações do Sudeste Asiático conseguiram, com estilo próprio, uma integração das economias, onde se destaca a indústria automobilística, mas que também se espalha por outros setores industriais.

Capa do suplemento do Nikkei Asian Review, sobre os 50 anos da ASEAN – Associação das Nações do Sudeste Asianos, citando o exemplo da indústria automobilística

A indústria automobilística dos países do ASEAN produzem nada menos que 4 milhões de veículos por ano, quase a da Coreia do Sul. A maior montadora da região é a Toyota, que somente em 2016 fabricou 1,1 milhão de veículos, com a totalidade das autopeças produzidas nos seus países membros. É um caso de grande sucesso que deve ser analisado por outras regiões do mundo, onde as tentativas de um mercado comum não obtiveram sucesso, como na América Central ou no norte da África.

O artigo começa a descrever um comprador de um SUV Fortuner, da Toyota, nas Filipinas, cujo preço final ficou em US$ 30 mil, mais ou menos o que se pagaria no Brasil pelo melhor SUV da Toyota importado de outras regiões com os quais os brasileiros não dispõem de acordo de comércio, que ficará disponível no próximo ano, sem considerar o imposto de importação no caso brasileiro e que lá não existe.

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Produção de automóveis nos países membros do ASEAN, gráfico publicado no Nikkei Asian Review

O que parece interessante é que muitos dos componentes utilizados nas montagens dos veículos são de procedência dos diversos países membros do ASEAN, tirando partido não somente das diferenças salariais como das instalações já existentes, que também atendem a outras montadoras.

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Gráfico mostrando a exportação da Tailândia para os demais países membros da ASEAN, tanto de veículos montados como componentes, publicado no Nikkei Asian Review

Jayant Menon, economista chefe de comércio e cooperação regional do Banco Asiático de Desenvolvimento, afirma que as Filipinas, Vietnã e Indonésia, países também populosos, devem adaptar o que está acontecendo na Tailândia, mostrando que o ASEAN está funcionando adequadamente naquela região. São lições que podem ser utilizadas em outras regiões do mundo e até no Mercosul, pois o Brasil já foi mais competente nestes assuntos quando utilizava o Befiex no passado, além de conceder maior prioridade para o desenvolvimento industrial e exportação para criar empregos de qualidade para a população local.