Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

A Atual Exportação de Veículos do Brasil

19 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: a falta da demanda de veículos no Brasil, o programa Befiex usado no passado, uso da capacidade de produção para a exportação

Marli Olmos é uma consagrada jornalista que escreve regularmente sobre a indústria automobilística para o Valor Econômico. Ela alerta que a atual exportação está com o seu futuro em risco, pois não existe um bom programa para tanto e só decorre da redução da demanda interna, com base nas informações dos muitos empresários do setor.

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A exportação de caminhões para Serra Leoa para transporte de água naquele país

Em 1988 foi criado no Brasil um programa especial chamado BEFIEX, inicialmente por sugestão da indústria automobilística quando o país começou a exportar os chamados modelos mundiais de diversas montadoras. O alcance foi tão amplo que motores eram produzidos no Brasil, montados em veículos no Japão para serem exportados para os Estados Unidos. Um grande número de rádios de uma determinada marca era produzido no Brasil para atender à produção mundial dos mesmos, que estavam sendo incluídos nos veículos produzidos em todo o mundo. O Brasil entendia que a exportação era vital para promover o desenvolvimento econômico brasileiro, notadamente de produtos industriais.

Hoje, o aumento da exportação destes tipos de veículos ocorre pela falta de demanda no Brasil, havendo que se utilizar a capacidade produtiva existente que de outra forma ficaria ociosa. A ANFAVEA , entidade que reúne as produtoras de veículos no Brasil, informa que a exportação que era de 7% aumentou em 2017 para 35,6%, mas ainda não existe um programa específico para tanto, havendo que se avançar tecnologicamente para se manter esta capacidade de exportação para diversos mercados.

A grande importadora continua sendo a Argentina, que também produz veículos para colocação no mercado brasileiro, mas também outros países latino-americanos como o Chile já substituiu parte da importação da Ásia para o Brasil. Mas como outros países concorrentes, como a Colômbia e o México, estão ampliando também suas exportações para os mesmos mercados, salvo um grande avanço tecnológico, o Brasil não vai se manter competitivo.

O Brasil pode ampliar suas exportações para a África como para o Oriente Médio, mas há que se criar condições para manter estes fluxos, para que não sejam operações eventuais, na hipótese futura de recuperação da economia brasileira, quando parte da demanda voltará a crescer no país.

Este tipo de problema está ocorrendo em diversos setores industriais do Brasil, que veio reduzindo suas exportações de produtos da indústria, concentrando-se nos minérios e produtos agropecuários. Uma economia como a brasileira necessita de um setor industrial dinâmico que esteja introduzindo as tecnologias mais eficientes de forma permanente, o que já não está acontecendo por muitos anos.

Para a criação de empregos de qualidade, a indústria é o setor estratégico, havendo necessidade de um conjunto de medidas que a mantenha competitiva e com condições de inovações permanentes que preservem os mercados conquistados.