A Produção de Soja no Brasil
24 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no Valor Econômico, dados como da Embrapa Londrina, falta de dados mais detalhados comparativos com o exterior
Ainda que algumas informações do artigo de Cristiano Zaia publicado no Valor Econômico sejam interessantes, infelizmente os dados não são suficientes para uma avaliação mais completa.
Gráficos constantes do artigo publicado no Valor Econômico, que vale a pena ser lido na íntegra
Os dados seriam de um longo período de duas décadas, entre a safra de 1996/97 e 2015/16, destacando-se os do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso, as principais regiões produtoras de soja no Brasil, além dos gerais para o País como um todo. Se houve um crescimento de 9% ao ano na área plantada em duas décadas, com destaque para o Mato Grosso, um aumento da produtividade anual de somente 1,4% ao ano que resultou em um crescimento anual de 13,4%, os dados não seriam muito otimistas, pois seriam predominantemente extensivos, mesmo se informando que áreas de pecuária extensiva tenham sido ocupadas por estas lavouras. Não se fornece as informações dos desmatamentos ocorridos em Mato Grosso, nem dos cerrados ocupados em outras regiões, que teriam provocado um aumento da produtividade rural.
Há que se admitir que também houvesse outros ganhos com a melhoria das técnicas de plantio, que passaram a ser efetuadas em grande escala com o uso de equipamentos de grande porte, reduzindo o uso de recursos humanos. Também teriam ocorrido mudanças para os chamados plantios diretos, sem a necessidade de aragens das terras que liberam poluentes na atmosfera. Também adubos teriam sido substituídos por material orgânico.
O relevante é que as rendas líquidas dos produtores tenham sido elevadas, o que depende também dos preços internacionais e do câmbio, que não são fornecidos nestas análises. Os dados relevantes acabam sendo os relativos, principalmente comparados com nossos concorrentes mais expressivos, que são os produtores norte-americanos. Mesmo com todas estas informações adicionais, há que se confessar que se esperavam dados mais otimistas para o Brasil que é o segundo maior exportador do mundo, pois em teremos de produção a China deve figurar no primeiro lugar.
É evidente que a produção de soja e sua colocação no mercado ajudam tanto na qualidade da alimentação como induzem outras atividades que a usam como componentes de suas rações, como na avicultura, suinocultura e até na produção bovina, além da produção de peixes em cativeiros como outras produções avícolas menores. Induzem também os serviços relacionados com o agronegócio, criando empregos fora da fazenda.
Mas como o mundo não está parado, o relevante acaba sendo se estamos melhorando a produtividade mais do que os nossos concorrentes ou não. É evidente que na mesma área também ocorrem outras culturas, como a do milho, principalmente, além da produção de sementes mediante o uso da irrigação pelo pivô central.
O que se sente carência é que num país tão extenso como o Brasil, a produção de soja não se diferencia regionalmente, com o uso de variedades mais adequadas para cada uma das áreas que possuem características próprias. Também os custos de transportes para a exportação ou colocação no mercado interno têm sofrido com os problemas climáticos que dificultam as qualidades dos meios de transportes utilizados.
Há, portanto, mais dados desejáveis em seus detalhes, pois a soja é hoje uma das principais culturas do país.