As Discussões Sobre os Caminhos das Notícias
24 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias | Tags: a situação brasileira, discussões no exterior e no Brasil, ponto de vista dos consumidores, suplemento Eu & Fim de Semana
Uma longa matéria elaborada por Laura Greenhalgh foi publicada no Suplemento Eu & Fim de Semana, do Valor Econômico, sobre o que estaria
ocorrendo na recuperação dos principais jornais e revistas dos Estados Unidos e do mundo. Mas parece indispensável considerar que algumas economias estão em clara recuperação, o que não acontece no Brasil, envolvido numa radicalização das discussões políticas em meio a uma recessão.
Dois dos maiores jornais dos Estados Unidos
Todos sabem que a imprensa, mesmo nos Estados Unidos, passou por uma aguda crise em 2008, quando a sua economia estava em uma profunda dificuldade, ao mesmo tempo em que as notícias antes impressas passaram a ser veiculadas pela internet. Todos os jornais e revistas importantes do mundo tiveram que enxugar seus custos, notadamente com o pessoal, e alguns mudaram de proprietários controladores que estavam dotados de capacidades tecnológicas para o intenso uso das facilidades da internet. O público consumidor de notícias passou a também utilizar meios rápidos, ainda que mais superficiais.
Hoje, muitos comemoram o sucesso destas operações de mudanças afirmando que o número de assinantes digitais como de edições impressas volta a crescer, na procura de informações mais confiáveis, onde as redes sociais acabam divulgando de forma irresponsável informações que nem sempre correspondem às verdades. Alguns leitores procuram textos mais pensados onde até ideias conflitantes estão sendo discutidas, permitindo uma reflexão mais profunda.
Como leitor assíduo, eu tendo a apoiar matérias mais profundamente elaboradas, normalmente escritas e que não contam com as limitações de expressar em poucas linhas assuntos controvertidos e que exigem leituras mais demoradas. Inclusive do ponto de vista humanístico, histórico, filosófico, político e sociológico que não podem ser simplificados pelos exageros das especializações e das culturas locais a que estamos submetidos.
Entendo que muitos jovens deem prioridade para a velocidade, não se importando com o exame das muitas visões que comportam os problemas mais complexos. Mas alguém precisa alertar os dirigentes que estão tomando importantes decisões que é preciso considerar os mais variados interesses envolvidos, havendo, para a sustentabilidade das mesmas por um período razoável, necessidade que estejam baseados em considerações morais que parecem estar sendo colocados em segundo plano. Muitos tentam considerar como de interesse público o que todos percebem atender somente o que é de um pequeno grupo.
A infeliz radicalização de posições a que estamos sendo levados não permite respeitar os direitos de muitas minorias e até a imprensa local acaba sendo indevidamente polarizada, dificultando também a solução dos seus problemas econômicos. Com a queda brutal de suas receitas de anúncios privados, os do setor público acabam tendo exagerada importância, premiando os que acabavam ficando do lado dos poderosos que dominam o governo. Não parece ser o caminho recomendável para uma nação emergente e democrática, principalmente numa consideração de prazo mais longo.
Somente para citar uma das distorções gritantes, no aperfeiçoamento da legislação trabalhista parece claro que as máquinas sindicais não devam continuar contando com os privilégios de recursos compulsórios. Mas é preciso notar também que uma parte importante dos recursos que estão sendo desviado para posicionamentos políticos e sustentação de apreciáveis grupos de auxiliares decorre dos chamados recursos do sistema “S”, que se são destinados ao treinamento, atividades culturais e sociais dos trabalhadores parecem que deveriam contar com suas opiniões. Porque teriam que ser monopólio dos empregadores? É no mínimo muito estranho, já que existem muitos assuntos que devem ser corrigidos.