Crescentes Preocupações com a China e seus Parceiros
5 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: elevado endividamento da China, entrevista de Michael Pettis para o Valor Econômico, outras preocupações, reformas para crescimento do mercado interno
Muitos analistas mundo afora estão preocupados com o endividamento da China e a necessidade de redução de seu crescimento, afetando seus parceiros como o Brasil e a Austrália, fornecedores de muitos minérios e produtos agropecuários que devem sofrer redução significativa de preços.
Professor Michael Pettis, da Universidade de Pequim, que escreve e concede muitas entrevistas sobre a China, onde reside
A complexa economia chinesa tem um endividamento muito elevado e nem todos os seus dados são confiáveis, mas fala-se que chega a 170% do seu PIB, que já desacelerou o seu crescimento para cerca de 6% ao ano e processa uma reforma para depender menos das suas exportações para relacionar-se mais fortemente com seu gigantesco mercado interno.
Muitos dos pesados investimentos que veio fazendo para manter o seu crescimento elevado utilizaram uma parte dos recursos de suas administrações regionais que, transformando os imóveis rurais em urbanos, teve um ganho significativo. Também existe um confuso sistema bancário na sombra que proporciona muitos recursos, tanto para as autoridades locais como para muitas empresas que estão obsoletas no seu processo de desenvolvimento acelerado. Como muitos dos administradores locais dependem dos resultados nas suas regiões para ascenderem ao nível nacional, projetos e programas ousados são implementados. Ao mesmo tempo, seu presidente Xi Jinping concentrou o poder naquele país como poucos e ainda depende das aprovações que devem ocorrer neste ano para suas ambições futuras.
No front externo, com seus programas relacionados às novas Rotas das Sedas, vem se comprometendo com muitos países que aderiram ao programa para aperfeiçoamentos de suas infraestruturas com financiamentos do AIIB – Asian Infrastructure Investment Bank, comandado pela China. Empenha-se também em outros projetos de infraestrutura, inclusive no Brasil, tanto no setor de geração e transmissão de energia como até a indústria petroquímica com a Petrobrás. Mas todos sabem que os recursos são limitados, havendo um momento em que seus investimentos e financiamentos tenham de ser reduzidos.
Este site vem alertando que a China, quando necessário, acabará dando prioridade para as suas necessidades, mobilizando aportes em outros países. Recursos financeiros dos chineses no exterior têm sido desviados para as suas necessidades quando indispensáveis, principalmente diante de fortes mudanças nos fluxos financeiros internacionais.
O professor Michael Pettis em sua entrevista dá a entender que só espera uma desaceleração depois de resolvidos os problemas de atendimento das pretensões do presidente Xi Jinping, ou seja, de 2018 em diante, o que ainda seria feito de forma paulatina, com possível desaceleração do crescimento da China. Fornecedores como de minérios de ferro do Brasil ou da Austrália sofreriam queda de preços sem a forte demanda chinesa, inclusive de produtos agropecuários como a soja ou carnes de diversos tipos. Ele, na sua entrevista ao Valor Econômico pelo telefone para o jornalista Humberto Saccomanti, chega a aventar que o crescimento se reduza a 1 ou 2% ao ano, que seria drástico.
Tudo depende ainda de muitos outros fatores e está se falando do futuro dos próximos anos, num mundo que vem apresentando fortes flutuações. Muita coisa ainda pode acontecer, mas que se trata de uma possibilidade, ninguém duvida.