Distorções nas Obras Públicas como o do Metrô
10 de julho de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: comparações com os projetos asiáticos, custos mais elevados e sempre reajustados, obras fora do foco principal
Quando se observam os atuais projetos do Metrô, como os que estão sendo construídos em São Paulo, nota-se que, com as desculpas de objetivos secundários, se provocam alterações visando o aumento da remuneração das empreiteiras.
Obras exageradas na região do Pacaembu
Quando há algum tempo conversava com um importante empreiteiro já falecido sobre as técnicas de construção do metrô no Brasil e na Ásia, ele foi extremamente franco confirmando que o objetivo era aumentar o faturamento e não construir estas obras com maior eficiência. Hoje, verifica-se que as obras do metrô, que provocam grandes transtornos para a população por muito tempo, adicionam obras desnecessárias e gigantescas como para proporcionar a ventilação, além das estações, Na Ásia elas estão ligadas a edifícios já existentes enquanto no Brasil constroem-se verdadeiros monumentos para comportar muitas outras atividades que não beneficiam os usuários dos transportes de massa.
Na região do bairro do Pacaembu foram feitas mudanças substanciais do trânsito, além de inúmeras desapropriações que aceleraram a deterioração do bairro, para a construção de simples respiradouros, quando as estações se localizam bem distantes, provocando uma forte desvalorização dos imóveis da região, quando deveria ser o contrário.
Anuncia-se que os novos terminais em muitas linhas contarão com bolhas que visariam o aproveitamento da iluminação natural. Se economizarem energia com isto, também aumentarão com as refrigerações de amplos espaços, além de implicarem em gastos adicionais com as construções das mesmas.
Cúpula numa das estações do metrô, publicado no Estadão, que certamente não estava prevista no projeto original
O que vem ocorrendo regularmente é que as licitações para a construção das linhas de metrô não incluem todos os detalhes que seriam desejáveis. Com o acréscimo de muitos detalhes, os gastos são elevados e as obras vão se estendo por um prazo mais longo, enquanto os custos dos canteiros das obras continuam onerando os projetos.
Enquanto na Ásia estes projetos são executados rapidamente para reduzir os seus custos, permitindo serem inauguradas as linhas, no Brasil o hábito ficou restrito a inaugurações de estações não permitindo tirar as vantagens das receitas proporcionadas pelo conjunto.
Parece criminoso também iniciar-se as obras sabendo que as verbas não são suficientes para seus términos. Com tantos imóveis privados prejudicados, em vez das obras beneficiarem uma região, acaba-se provocando a sua deterioração, sem que o provisório nunca vire o permanente, prejudicando a todos, inclusive os governos. Não parece que o Brasil disponha de tantos recursos e aparentemente há que se aprender com outros países emergentes que vêm executando estas obras com maior eficiência.