A Saúde Melhora Como É Possível nos Países Pobres
28 de agosto de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: ajuda de equipamentos e novas técnicas, artigo no The Economist, diagnósticos simples que resolvem a maioria dos problemas
Parece necessário lembrar que no passado não se contava com os avanços atuais da medicina, mas grande parte dos problemas era resolvida, bem ou mal, até pelo conhecimento popular, como das parteiras práticas. Hoje, com profissionais de formação rápida, o grosso dos problemas é resolvido nos países pobres, ainda que nem sempre os diagnósticos sejam adequados para moléstias mais complexas. (Na Índia, até 140 pacientes são atendidas somente num dia por uma profissional por consultas rápidas que resolvem a maioria dos problemas).
Uma matéria publicada no The Economist informa que em grande número de países pobres a população é atendida por profissionais de formação simples que resolvem a maioria dos problemas, como nunca no passado, ainda que os diagnósticos para casos mais complexos possam estar até equivocados. Na Índia, disseminaram-se as clínicas chamadas modalla, ou da comunidade, a partir de 2015, onde já existem 158 abertas em Delhi nos últimos dois anos, onde as pacientes são atendidas rapidamente de forma gratuita.
Segundo o Banco Mundial, a chamada atenção primária ou medicina geralista, de linha de frente, pode lidar com 90% dos problemas de saúde, como mostra uma pesquisa em 102 países em desenvolvimento em 2015. Os sistemas estabelecidos com os cuidados primários apresentaram melhoria na expectativa de vida e menor mortalidade infantil, como ocorreu em países como Brasil, Ruanda, Sri Lanka e Tailândia. A recomendação da ONU é que objetivos do desenvolvimento sustentável sejam atendidos até 2030. Este tipo de esforço já foi feito no passado, como em 1978, mas não resultou em sucesso. Nas últimas duas décadas, estão se concentrando em doenças específicas, com 86% das crianças imunizadas contra difteria, tétano e tosse convulsiva. Calcula-se que foram salvas 22 milhões de vidas com o combate à HIV / AIDS, malária e tuberculose desde 2002. Mas os especialistas estão preocupados com as doenças crônicas, ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estime que 400 milhões de pessoas no mundo tenham acesso à atenção primária.
O que está sendo ignorado são as doenças transmissíveis, assim como doenças cardiovasculares e diabetes. Em 2020, devem representar cerca de 70% das mortes em países em desenvolvimento. O Banco Mundial e a OMS consideram que nos países desenvolvidos metade da população desconhece suas condições de hipertensão. Ainda a preocupação não chegou à questão da qualidade.
Por incrível que pareça, são nas regiões mais pobres que as consultas aos médicos são mais frequentes. Na Índia rural, 50% a 80% das consultas são com os prestadores informais de saúde, o que tende a ser verdade nos países mais pobres, o que é mais livre do que nos desenvolvidos, com consultas realizadas em três minutos, sem que os profissionais saibam o que estão fazendo. Na China, a situação é um pouco melhor. No Brasil, as consultas são mais demoradas, mas existem longas filas de espera. Muitos dos treinamentos dos profissionais demandam US$ 175 e duram somente nove meses.
Também estão sendo introduzidos equipamentos para ajudar nestas consultas, cobrindo diversos itens da saúde. Nos países pobres, mesmo que os profissionais saibam o que se deve fazer, não os praticam, havendo pouca diferença entre o público e o privado. Os chamados tratamentos com cuidados primários devem considerar os incentivos para tanto. Em alguns países observam-se excesso de uso dos antibióticos, mesmo que suas moléstias não os exijam. Na realidade, o artigo to The Economist informa que a atenção primária ainda está na sua infância, lamentavelmente, ainda que tenha sido útil.