Maikos Visitam Casas de Chá e Professores de Arte Tradicional
1 de agosto de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: aprendizes de gueixas, tradição do primeiro dia de agosto, visitas tradicionais em Kyoto
Este site procura explicar as verdadeiras funções das gueixas e de suas aprendizes, maikos, que muitas vezes são mal interpretadas no Ocidente.
Maikos pagam suas visitas às casas de chá e aos professores das artes tradicionais do Japão em foto publicada no Yomiuri Shimbun
Parece conveniente que o papel das gueixas e das maikos, suas aprendizes, seja devidamente explicada para os leitores, pois sempre existem distorções no Ocidente do que fazem. Elas frequentam cursos puxados para aprender as artes tradicionais do Japão como danças, posturas, tocar instrumentos como o shamisen ou koto, que acompanham as danças e cantos tradicionais. Quando concluem os cursos para estes conhecimentos básicos, são apresentadas para as casas de chá e restaurantes conhecidos como ryoteis, onde são oferecidos jantares sofisticados e custosos, além de pagarem respeitos aos professores destas artes tradicionais.
Estas profissionais costumam viver em casas especializadas e são contratadas pelos estabelecimentos que requisitam seus serviços de acompanhamento dos fregueses e seus entretimentos, normalmente pagos por hora. São verdadeiras cortesãs cuja especialidade é agradar aos fregueses, o que não envolve sexo, ainda que conversas maliciosas, normalmente de duplos sentidos, possam estarem incluídas.
Costumam ser exímias artistas e psicólogas, treinadas para detectar o que agradam aos fregueses, não só pelas bebidas e culinárias servidas, como conversas inteligentes que envolvem culturas japonesas como até do exterior. É tradicional que no primeiro dia de agosto, acompanhadas por uma veterana, sejam apresentadas aos estabelecimentos que costumam requisitar os seus serviços, bem como na melhor tradição confuciana paguem os devidos respeitos aos seus professores.
Tudo isto é feito com profundo respeito às tradições, tanto dos quimonos utilizados como detalhes dos sofisticados gestos. Kyoto é o centro no Japão que melhor preserva estas tradições, que sofrem simplificações atualmente porque mesmo entre os japoneses poucos já conhecem todos estes detalhes. Não é fácil avaliar se uma gueixa ou maiko dança melhor do que as outras, pois seus gestos e passos são muito delicados, tendo significados distintos.
Não devem ser confundidas com acompanhantes que ainda existem em alguns bares no Japão que não costumam contar com as preparações e treinamentos das gueixas. Os custos atuais destas profissionais são extremamente elevadas e normalmente só podem ser arcadas por milionários ou pessoas jurídicas, que também restringiram radicalmente estes gastos.
Costumo dizer que quando se especula sobre a possibilidade de um novo negócio com alguém que não se conhece muito bem, existe o hábito de convidar para um jantar num ryotei na companhia de uma experiente gueixa. Mesmo que seja um programa agradável com conversas leves e despreocupadas, depois elas lhe podem dar uma avaliação preciosa para recomendar cuidados, evitar os prosseguimentos dos contatos ou recomendar o seu prosseguimento, dado o possível caráter do interlocutor, mesmo quando ele saiba que está sendo observado discretamente. Costuma ser um trabalho que nem os bancos ou profissionais de avaliação conseguem fazer com tanta competência.
Tanto isto é verdade que estas profissionais costumam ser muito utilizadas pelos políticos nos estabelecimentos de novas alianças estratégicas para suas carreiras. Algumas que conheço pessoalmente são verdadeiras especialistas, tanto nos assuntos políticos como empresariais, inclusive internacionais.