A Dura Competição Força a Fusão da Alstom com a Siemens
28 de setembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: a competição da japonesa Shinkansen – Hitachi na Europa, as possibilidades de outros mercados, tentando neutralizar a chinesa CRRC no mercado de trens rápidos
Um artigo de Christopher Jasper, publicado no site da Bloomberg, mostra a forte competição que determinou a fusão das empresas Alstom com a Siemens para evitar que os europeus fiquem fora do mercado mundial de trens de alta velocidade.
Gráfico das empresas que atuam no mercado mundial de trens rápidos, com o domínio da chinesa CRRC que detém quase 70% do total, publicado no site da Bloomberg
O fato concreto é que a chinesa CRRC domina o cenário mundial de trens rápidos, no qual seus preços chegam a ser a metade dos demais, diante do mercado chinês que está construindo em torno de 50% do que se planeja no mundo para o setor. Se os demais concorrentes pretendem competir neste mercado necessitam estabelecer acordos com os governos dos países que desejam atuar, providenciando financiamentos que são volumosos recursos para as construções como para os trens.
Os chineses conseguiram nos últimos anos construir além destes trens rápidos, metrôs e trens para curtas distâncias. A escala de suas demandas acaba proporcionando preços com os quais outros produtores não conseguem competir. Tudo indica que hoje não existam grandes diferenças de qualidade ainda que seja natural que cada produtor tente destacar a superioridade dos seus produtos. O que vem se conseguindo são complexos que envolvem construção civil e os trens, além de outras aplicações complementares associados aos investimentos, como o que os japoneses conseguiram com na Índia.
Os japoneses estão agressivos no mercado europeu, com o sistema Shinkansen – Hitachi, com os quais os europeus também precisam competir, conforme gráfico publicado no site da Bloomberg
As distâncias geográficas chinesas são apreciáveis, bem como a sua população. Na Europa, como nas demais regiões do mundo, além de muitos países, as ocupações são mais intensas, não comportando tantos trens rápidos que são mais voltados para grandes distâncias. Os países emergentes e menos desenvolvidos não comportam sistemas de transportes tão sofisticados nem existem condições econômicas para suportar tais investimentos com retornos razoáveis. O que parece restar para outros produtores de menor porte são trens locais que não tão rápidos, atendem populações menores com tarifas mais baixas. O que ainda existe são transportes de grandes volumes de forma contínua como no caso dos minérios e outros granéis sólidos.
Outras necessidades de transporte são atendidas pelo transporte rodoviário e alguns casos de navegação até marítimas, principalmente nas costas. O transporte fluvial também é utilizado aonde de se conta com rios que atendem algumas regiões específicas.
Tudo isto vem determinando, no caso das ferrovias, um sistema oligopolizado, que conta com um número limitado de fornecedores.