Ajuda Muito Quem Não Atrapalha
1 de setembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: necessidade de uma visão de longo prazo, seria preciso evitar a improvisação, um mínimo de consenso dentro do governo
Mesmo sabendo-se que o atual governo de Michel Temer é de transição, todos percebem suas pretensões de uma continuidade imaginando que reformas indispensáveis seriam efetuadas para criar condições para a futura recuperação da economia brasileira. No entanto, muitos fatos recentes acabam demonstrando quase uma improvisação, provocando fortes confrontos até dentro da equipe de governo.
A extinção suspensa por ora por uma decisão judicial da Renca – Reserva Nacional do Cobre e Associados nos limites do Amapá e do Pará é um exemplo de medida que não foi devidamente estudada, aparentando garantir alguns votos para a permanência do atual governo de Michel Temer até o fim do seu mandato transitório
Todos sabem que esta parte remota da Amazônia brasileira, mesmo com o potencial de volumosas reservas minerais, conta com a invasão de muitos garimpeiros ilegais que, na sua ação nefasta, coloca em elevado risco muitas populações indígenas mais susceptíveis de serem contaminadas por moléstias que os “civilizados” levam para eles. Ao mesmo tempo, poluições de suas águas acabam ocorrendo com o uso de mercúrio para algumas atividades. Quando o governo se mostrou incapaz de evitar estas e outras invasões, como dos madeireiros, seria quase ingênuo acreditar-se que com a ação de grandes mineradoras estas irregularidades seriam sanadas.
De outro lado, estas mineradoras estariam mais interessadas nas explorações de minérios como o manganês, bauxita e outros produtos que exigem grandes investimentos em infraestrutura como já aconteceu na Serra dos Navios, cuja reserva já se esgotou. Obras de grandes volumes, inclusive de produção de energia hidroelétrica, causariam volumosas agressões à reserva florestal que já está sendo dizimada por atividades dos madeireiros ilegais que deveriam ser evitadas. Tudo isto exige uma visão de longo prazo e discussões com os que têm conhecimentos destas realidades. Sem que isto ocorra, assegurando o mínimo de segurança para esta grande parte do território nacional, tudo indica que os prejuízos serão maiores tanto para o Brasil como para o globo terrestre, que vinha ajudando com doações para a preservação do que até chegou a ser chamado de pulmão do mundo. As incertezas existentes só atuam de forma contrária à desejada preservação da natureza, ainda nem totalmente conhecida, como meu filho Décio Yokota tem informado a muitos jornalistas que o procuram, ele que vem atuando por muitos anos nestas áreas.
De forma semelhante, uma onda de privatização começando com a Eletrobrás e seu gigantesco complexo de geração e transmissão de energia elétrica ganha uma prioridade como solução para os volumosos déficits governamentais, diante da resistência justificada da elevação de impostos e incapacidade de redução dos custeios públicos que não interessam a um grande grupo de parlamentares. Sem medidas que assegurem formas de fiscalização adequada das agências governamentais às novas empresas concessionárias de serviços públicos, parece difícil que os pretensos aumentos de eficiência acabem ocorrendo de forma adequada. Não parece razoável que improvisações resultem em bons resultados ainda que parte do que se pretende sejam razoáveis, como está se verificando que os asiáticos venham a se interessar nestes projetos, quando já eles mesmo têm problemas de elevado endividamento.
Parte das tarefas indispensáveis antes das privatizações das usinas de geração de energias e linhas de transmissão da Eletrobrás
Para a população e a opinião pública brasileira não parece que estes e outros problemas estejam claros em todas as suas alternativas, inclusive das reformas indispensáveis e pretendidas, onde continuam importantes os interesses políticos dos parlamentares. O discurso governamental acaba aparentando que a população não tem a mínima capacidade de avaliar os seus verdadeiros interesses, que nem sempre coincidem com os dos parlamentares que pretendem ser seus representantes, sem prestarem as devidas contas de suas ações.
Isto acaba parecendo uma antiga realidade expressa pelo lema que caracterizava a cavalaria do Exército. Rápido e mal feito, pois os resultados reais dependem da ação governamental ao longo de muito tempo, onde os difíceis problemas necessitam ser atendidos por persistentes e cansativos trabalhos ao longo de muitos anos.