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BeiDou Chinesa Concorrendo com o GPS

8 de setembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: artigo no Nikkei Asian Review, BeiDou chinesa competindo com o GPS, negócio estimado em US$ 36 bilhões por ano

O GPS que foi criado para fins militares nos Estados Unidos acabou se tornando um grande negócio e agora a China implanta o seu BeiDou para competir neste mercado estimado em mais de US$ 36 bilhões em 2020, quatro vezes mais do que no momento.

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Esquema constante do artigo no site do Nikkei Asian Review

Os chineses estão adaptando o que os norte-americanos fizeram tanto no GPS como no apoio do setor privado para manter o poder militar do país. O chamado complexo militar industrial pela qual algumas empresas acrescentam suas capacidades operacionais no cumprimento nestas tarefas militares fundamentais chega até a imiscuir nos sistemas políticos de ambos os países.

O BeiDou chinês, empresa estatal, já desempenha alguns papéis além dos militares. De forma semelhante ao GPS norte-americano, utiliza 34 atuais satélites para orientar navios e sistemas de transportes, envolvendo-se até nas comunicações. Segundo o artigo publicado por Shunsuke Tabeta no Nikkei Asian Review, o governo japonês está se preparando para lançar o seu 35ª satélite até 2020, ampliando as suas atuais funções, como o que vem sendo feito pelo GPS norte-americano, aceitando até a participação de empresas estrangeiras. Mas estas temem que informações militares sejam utilizadas pelos chineses.

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Gráfico constante do artigo no Nikkei Asian Review referindo-se ao potencial mercado em 2020 para os satélites chineses, de forma semelhante ao GPS norte-americano

O exército chinês, por intermédio da Sichuan Jiuzhou Eletric Group, começou em 1994 a apoiar a defesa aérea com seu sistema de satélite BeiDou. No sistema privado, é usado para ajudar na navegação dos navios, como monitoramento dos ônibus públicos e veículos de combate a incêndios. No ano passado, controlou 30% do mercado interno chinês e pretende ampliar para 60% em 2020. Xi Jinping, que controla o Partido Comunista, está recomendando a cooperação militar-industrial, à semelhança do que acontece nos Estados Unidos.

Tudo indica que o plano é levar estes serviços para o interior chinês, ao mesmo tempo em que absorve cerca de 300 mil militares que devem ser reduzidos. Há indicações que eles pretendem usar o sistema de drones para algumas tarefas.

Houve uma exposição recente em Mianyang, na China, onde a Jizhou Eletric, que atua regionalmente, apareceu com a BeiDou para estes tipos de atividades. A Jeztek e outras grandes empresas chinesas parecem estar participando destas iniciativas, num total de 19, mostrando claramente que o governo está estimulando estas cooperações em aspectos estratégicos militares, como ampliações no mercado privado.

Dado o comando centralizado que existe na China, está se aproveitando algumas grandes organizações estatais com grupos privados para cobrir aspectos estratégicos do desenvolvimento chinês nas próximas décadas. Parece que o Brasil também precisa discutir a conveniência das grandes estatais, que nem sempre são eficientes, poderem se integrar aos programas estratégicos que interessam ao país, aproveitando estas parcerias públicos-privadas, pois as agências governamentais nem sempre são capazes de controlar as grandes organizações privadas, notadamente no vasto interior do país, como na Amazônia.