Exagero na Polarização em Todo o Mundo
18 de setembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: as questões políticas mal estudadas, polarização exagerada sem estudos aprofundados, predomínio de reações radicais e emocionais
Em muitos países como o Brasil, onde as questões políticas não estão ainda consolidadas, observam-se polarizações exageradas, movidas por posições emocionais sem que as questões políticas estejam devidamente esclarecidas para a população. Parece que estes fenômenos estão também ocorrendo em muitos países desenvolvidos onde estas questões deveriam estar mais bem equacionadas.
Capa do suplemento do Valor Econômico que discute o assunto em seu principal artigo
Numa reunião promovida conjuntamente pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e pela Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil, com o comparecimento expressivo de interessados nos assuntos bilaterais, também se observou esta polarização exagerada. Um antigo empresário japonês colocou seu ponto de vista que as atuais dificuldades do Brasil se deviam em grande parte das administrações do PT – Partido dos Trabalhadores, como muitos que se posicionam como de direita. Um dos apresentadores brasileiros tinha destacada que a longa desaceleração do crescimento da economia brasileira devia-se, em grande parte, ao definhamento do setor industrial provocado pela valorização cambial. Este tipo de discussão tem ocorrido com frequência mesmo entre participantes de elevado nível em diversos assuntos, quanto mais entre pessoas menos esclarecidas. E não se restringe ao Brasil, mas também em outros países do mundo, como registra a jornalista Laura Greenhalgh para o suplemento do Valor Econômico. Ela cita, entre outros, o cientista político uruguaio Juan Andrés Moraes, o pesquisador do Kellog Institute for International Studies da Universidade Notre Dame, USA, que atribui a tendência de se classificar todos entre amigos e inimigos, sem meios termos.
Ela cita também Matthews Levendusky, do Departamento de Ciência da Universidade de Pensilvânia, que publicou o livro How Partisan Media Polarize America. Ele sugere que as empresas não devem deixar que interesses político-partidários participe das atividades privadas porque possuem lógicas inconciliáveis. Esta situação também foi analisada por Cass Sustein, professor de direito de Harvard, que publicou #Republic: Divided Democracy in the Age of Social Midia. Ele entende que o uso das redes sociais não deprecia o nível das informações, mas pode influenciar na medida em que seria uma espécie de arquitetura social do controle, onde o diferente passa a apresentar riscos ou ameaças, colocando em perigo a liberdade individual ou a própria democracia.
Todos sabem que este tipo de colocação vem afetando eleições em diversos países, inclusive Estados Unidos e o Brasil. No caso brasileiro, em que todos concordam que há necessidade de uma reforma política, mas não havendo consenso do que seriam seus pontos principais e as alternativas existentes no mundo que resultaram em algo mais racional. O que parece ser a carência de um sistema eleitoral que permita aos eleitores poderem controlar os eleitos, que deveriam ser considerados seus representantes, o que parece apresentar acentuadas carências.
Nem os brasileiros e muito mais os estrangeiros não conseguem sequer identificar as causas das dificuldades do Brasil e no que seria possível conseguir avanços. Parece indispensável que alguns pontos chaves destes assuntos sejam discutidos e esclarecidos. Principalmente para que se saiba quais alternativas já foram experimentadas no mundo, com suas vantagens e dificuldades.