Possibilidades das Eleições Japonesas
26 de setembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Política | Tags: pontos de vista diferentes, questões que podem afetar os resultados, riscos implícitos para Shinzo Abe com as eleições
Todas as eleições podem apresentar surpresas, como nas alemãs onde a direita radical conseguiu pela primeira vez tornar-se uma força expressiva no Parlamento. Um artigo no The Japan Times mostra que um baixo comparecimento onde o voto não é obrigatório pode constituir um problema para o atual primeiro-ministro Shinzo Abe, que dissolveu a Dieta na esperança que seus potenciais adversários não estariam preparados para o pleito. A governadora Yuriko Koike (foto) que o derrotou nas eleições locais em Tóquio pode surpreendê-lo novamente com o seu novo Partido da Esperança.
Um artigo de Tomohiro Osaki e Reiji Yoshida publicado no The Japan Times considera que existe um risco para o primeiro-ministro Shinzo Abe nas próximas eleições gerais prevista para 22 de outubro para a Dieta japonesa. Como o voto no Japão não é obrigatório, um baixo comparecimento pode apresentar uma nova surpresa com a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, que o derrotou fragorosamente nas eleições locais na Capital japonesa, que se apresenta agora com o novo Partido da Esperança, tendo elevada capacidade de comunicação social. Ela informa que os casos das eleições de Emmanuel Macron na França e até de Donald Trump nos Estados Unidos, aos quais se poderia acrescentar a eleição alemã, indicam que o Japão está atrasado e necessita de uma verdadeira força reformista.
Shinzo Abe alega que a eleição que pode lhe dar um novo mandato é necessária, pois a população japonesa que está se reduzindo e envelhecendo enfrenta um endividamento extremamente elevado e necessita do aumento do imposto de venda de 8 para 10% para ampliar a assistência aos idosos e educação para a criação de mais filhos. Enfrenta também a ameaça da Coreia do Norte, seus foguetes e a bomba de hidrogênio, risco que alguns analistas afirmam que o beneficia eleitoralmente, ainda que isto exija uma reforma constitucional para ampliar a defesa externa. Mas o fato concreto é que ele não vem obtendo resultados inovadores e não conta com elevada popularidade, não conseguindo até agora o aumento dos impostos que devem proporcionar uma receita adicional de Yens 4 trilhões, que parte seria utilizada para a redução da dívida pública. Não aparenta ser um programa para entusiasmar nenhuma população, mesmo conservadora como a japonesa, que deixa muitos jovens desejosos de uma liderança mais forte do Japão, notadamente na Ásia.
Yuriko Koike que já foi do partido situacionista vem conseguindo se destacar com a eleição para governadora de Tóquio, enfrentou o complexo problema da mudança do mercado de peixe de Tsukiji e comanda as preparações para as Olimpíadas de 2020. Tendo sido apresentadora de TV, tem facilidade de comunicação social e vem conseguindo adesões para o seu novo Partido da Esperança em diversas frentes, tanto do seu antigo partido como entre os democratas. Tem uma imagem de inovação, mas alguns ainda a consideram prematura para primeira-ministra.
Os riscos para Shinzo Abe, além da situação do seu partido que aparenta ser tranquila no momento, é que poderá ser contestado em sua capacidade atual de liderança, pois as pesquisas de opinião o colocam recentemente em torno de 40% de apoio, que já foi mais elevada.
A campanha eleitoral no Japão mal está começando, mas ela é extremamente curta, algo em torno de um mês e ainda pode trazer muitas novidades.