A Poluição Mata Mais que Guerras, Desastres e Fome
20 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Editoriais e Notícias, Saúde | Tags: notícia distribuída pela AFP – Jiji, publicação do The Lancet, publicada no The Japan Times
O artigo baseado nos estudos publicados na revista científica The Lancet informa que a poluição está causando mais mortes do que as guerras, desastres, tabagismo, fome, AIDS, tuberculose e malária em conjunto.
Foto de Nova Délhi atingida pelo smog, em outubro de 2016, publicada no The Japan Times
O estudo foi publicado pela revista científica The Lancet, custando cerca de US$ 4,6 trilhões anuais, ou cerca de 6,2% da economia global. O principal autor do estudo é o epidemiologista Philip Landrigan, reitor de saúde global na Icahn School of Medicine no famoso Monte Sinai, de Nova York. Foi a primeira tentativa de juntar todas as doenças e mortes provocadas pela poluição.
Os especialistas informam que ocorreram nove milhões de mortes prematuras, ainda considerado parcial com os estudos em andamento. Na África subsaariana localizou-se no mínimo cinco mil novos produtos químicos desde 1950 com a poluição do ar, sem que ainda estejam estudadas as poluições dos solos.
A Ásia e a África são consideradas as regiões mais afetadas pela poluição, sendo que a Índia é o país mais atingido. Uma de cada quatro mortos prematuros, chegando em 2015 a 2,5 milhões de mortes. A China é a segunda, com uma morte a cada cinco decorrentes de doenças relacionadas com a poluição.
Foram utilizadas as técnicas recomendadas pela Organização Mundial de Saúde e pelo Instituto de Métricas e Avaliação da Saúde, da Universidade de Washington. Naturalmente, são os pobres os mais afetados, chegando a 92% nos países de baixa e média renda. As pessoas ainda não perceberam que a poluição prejudica as economias, afirmou Richard Fuller, chefe da segurança global de tóxicos do Pure Earth, num longo relatório.
A eliminação do chumbo da gasolina nos Estados Unidos desde 1980 provocou uma economia de US$ 6 trilhões cumulativamente. O combate à poluição, infelizmente, não proporciona ganhos na economia. Como se sabe, Donald Trump está se posicionando contra o Acordo de Paris. Mesmo sem uma declaração oficial, organismos internacionais como o Banco Mundial estão se posicionando a favor de medidas de combate à poluição.
Seria interessante que o governo brasileiro, apesar de suas inúmeras dificuldades, se posicionasse a favor de um programa ousado de combate à poluição, pois já temos muitas mortes desnecessárias decorrentes de outras causas.