Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

Deficiência na Educação Brasileira

26 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: estamos estagnados, pontos fundamentais para o desenvolvimento brasileiro, preocupação com os conhecimentos básicos

Enquanto os dirigentes brasileiros despendem volumosos recursos para postergar as investigações de atos criminosos de políticos, pesquisas efetuadas pelo Ministério de Educação e Cultura mostram que não estamos avançando sequer na alfabetização e nas operações matemáticas mais rudimentares das crianças brasileiras. Isto decorre em grande parte com a baixa prioridade dada à educação na alocação dos poucos recursos disponíveis.

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Gráficos constantes do artigo publicado na Folha de S.Paulo, que vale a pena ser lida na íntegra

Há muitas décadas, pedi exoneração da Universidade de São Paulo onde já tinha estabilidade, pois constatei numa prova de um aluno no quinto ano da FEA – USP que ele não sabia escrever, pois não usava sequer verbos, relacionando palavras com setas. Se ele conseguiu chegar ao último ano de um curso superior é porque todos os professores eram coniventes e não fazia sentido continuar a fazer parte deste grupo.

Os principais jornais brasileiros relatam que em 2016, com base num levantamento efetuado pelo Ministério de Educação e Cultura, a maioria das crianças que estão no 3º ano na rede pública foi considerada insuficiente na leitura e nas operações elementares de matemática, situação que não melhorou com relação à pesquisa anterior de 2014.

Quando se observa outros países emergentes no mundo, em que pesem todas as suas limitações, principalmente entre os asiáticos que são concorrentes do Brasil, nota-se avanços nestes conhecimentos básicos e elementares. Sem que a população esteja instrumentalizada com a educação básica, fica difícil que outros avanços possam ocorrer no resto da sociedade, tanto nos aspectos econômicos e políticos como de setores relacionados com a melhoria do nível de bem-estar social.

O dramático destes resultados brasileiros é que agravam as diferenças entre os privilegiados e os grosso dos que estão sujeitos à educação pública. Existem escolas privadas, de alto custo, que estão melhorando sensivelmente com a introdução de novas tecnologias. Excepcionalmente, algumas escolas públicas, com o empenho dos pais e dos professores, também conseguem bons resultados, mostrando que as técnicas utilizadas poderiam ser disseminadas por todas elas.

Sem que melhorias sejam obtidas na educação básica, parece que todos os demais avanços se tornam mais difíceis. Até porque muitos dos privilegiados alunos acabam completando suas educações no nível superior em outros países, tendendo a emigrar para atuar onde suas qualificações são reconhecidas.