Futuro dos Veículos Elétricos no Mundo
2 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Economia, Editoriais e Notícias | Tags: avanços nas bateriais elétricas, depende da geração futura da eletricidade, discussão no Yomiuri Shimbun sobre o futuro dos veículos eletricos, tecnologias para carregamento das baterias | 4 Comentários »
Um artigo publicado por Shigeki Kurokawa no Yomiuri Shimbun discute com profundidade qual seria o futuro dos veículos elétricos que contribuem para a redução da poluição do mundo, mas dependem da forma como serão geradas as eletricidades no futuro.
Gráfico publicado no Yomiuri Shimbun com estimativa até 2025, mas levantando a questão do que acontecerá depois
A questão que o artigo levanta é se haveria uma desrupção na tendência futura da produção de carros elétricos, pois os governos da França e da Grã-Bretanha já anunciaram a proibição da venda de veículos movidos a gasolina ou diesel a partir de 2040, o que a China já está discutindo também. Além do que está expresso no Acordo de Paris, ocorreriam mudanças nas baterias e nas formas de seu abastecimento. Mas como seriam geradas as eletricidades necessárias? Está se intensificando as gerações eólicas e solares, pois as disponibilidades de quedas de água não parecem ser suficientes.
O fato concreto é que os veículos elétricos viraram o foco desta tendência futura, como se vê na Frankfurt International Motor Show, onde a BMW e a Daimler organizaram uma rapsódia de veículos elétricos. A Volkswagen planeja apresentar 50 modelos de veículos elétricos e o grupo Nissan, Mitsubishi Motors e Renault preveem que nos próximos 10 anos as mudanças serão maiores que nos últimos 50 anos no setor automobilístico. Os chineses estão se preparando para aumentar a produção de veículos elétricos para reduzir seus problemas de poluição.
Todos sabem que as baterias elétricas melhoraram muito com o uso do íon de lítio, mas sua recarga ainda é mais lenta que a da gasolina. Também estão se intensificando as instalações de locais para o seu reabastecimento em muitos países do mundo, mas isto é um processo demorado que exige substanciais investimentos.
A geração de energia elétrica ainda provoca problemas de lançamentos de poluentes no ar em muitos países. As energias eólicas e solares estão se tornando competitivas economicamente, mas na medida em que suas instalações se efetuem em grandes escalas.
Como as gerações de energia utilizando usinas nucleares sempre apresentam riscos, além da necessidade de custosas armazenagens dos seus resíduos por prazos quase indefinidos, ainda que as economias no consumo de energia elétrica estejam se observando nos mais variados setores, há que se pensar no saldo dos benefícios de forma sustentável.
Uma parte substancial do problema deve ser resolvida pelos sistemas de transporte de massa como os dos trens e metrôs, restando o dos veículos elétricos somente para os deslocamentos bastante definidos. Tudo indica que ainda não estão claras todas as alternativas que serão adotadas no futuro.
Não me parece muito plausível que os elétricos puros venham de fato a se tornar hegemônicos nesses prazos que estão sendo anunciados. Por outro lado, além da aposta nos biocombustíveis para substituir gasolina, óleo diesel, gás liquefeito de petróleo (ainda muito usado como combustível veicular principalmente na Ásia) e gás natural de origem fóssil, é possível que os sistemas híbridos venham a se consolidar ainda mais nos principais mercados. Partindo do pressuposto que a presença do câmbio automático está ganhando cada vez mais espaço não só nos Estados Unidos e Japão mas até na Europa, e que alguns sistemas híbridos acabam tendo menos peças móveis que um câmbio automático convencional (caso da maioria dos sistemas HSD da Toyota, excluindo apenas o usado nos caminhões que ainda tem um câmbio automatizado embora use um motor elétrico “pancake” no lugar da embreagem), parece ser mais fácil tanto para os consumidores assimilarem quanto para evitar a tão comentada “range-anxiety”.
Caro Daniel Girald,
Agradeço seus muitos comentários.
Só lembraria que os chineses já utilizam o etanol para mover veículos em torno de 1931, como lembrou Joseph Needham de Cambridge. Com a poluição que estamos provocando acredito que o mundo será obrigado a antecipar o fim do uso de combustíveis poluentes.
Paulo Yokota
Qualquer atividade humana vai envolver algum grau de “poluição”, mas com o etanol a biorremediação é mais fácil comparado à gasolina. E eu até já havia lido sobre a experiência com o etanol na China, se eu não me engano o primeiro veículo a usar esse combustível por lá teria sido uma ambulância. Mas antes mesmo dos chineses, vale lembrar que o Ford Modelo T (produzido entre 1908 e 1927) chegou a contar como opcional com um carburador especial que permitia variar o difusor para usar tanto gasolina quanto o “moonshine” de milho como combustível.
Caro Daniel Girald,
Eu mesmo postei à respeito. Acho que estamos tendo um desequilíbrio com exagero de comentários sob veículos. Paulo Yokota