O Que Pode Ser Feito Neste Final de Governo
19 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: os estímulos da economia mundial, para não ficarem exageradamente pessimistas, todos os governos têm dificuldades no final de sua gestão
Quando se verificam as notícias veiculadas sobre o Brasil, mesmo em jornais com tendências naturais a favor da recuperação econômica da qual dependem suas receitas de anúncios, como o Valor Econômico, muitas das matérias são desanimadoras até para os analistas mais experientes. Mas não se pode deixar tomar pela depressão e é preciso procurar informações mais estimulantes que mantenham a mente equilibrada. No entanto, seria interessante que houvesse um mínimo de realismo, imaginando que um governo curto de transição não consegue o apoio da sociedade, mesmo tendo uma elevada eficiência, que não parece ser o caso. Principalmente porque ocorre o que em inglês se chama “lame duck”.
Títulos de matérias na primeira página do Valor Econômico
Quando a presidente do STF – Supremo Tribunal Federal determinou que todos os tribunais informassem as remunerações dos juízes e desembargadores, pois estavam superando os tetos legais, os mais experientes sabiam que não existiam mecanismos para a efetivação e fiscalização desta recomendação. Hoje se informa que os desembargadores do TJ-SP continuam recebendo vantagens especiais, eventuais, indenizações e gratificações que na soma superam os tetos existentes. Só os que não possuem experiências nas análises das administrações públicas podem acreditar que determinações genéricas desta natureza tenham efeitos práticos.
Quando o governo resiste em revogar medidas que facilitem a escravidão de muitos trabalhadores, principalmente pelo amplo território brasileiro, ainda que tenham sido tomadas medidas que simplifiquem os processos de admissão de funcionários temporários pelas empresas, deveria estar consciente que enfrentaria muitas dificuldades na Justiça do Trabalho. Informa-se agora que os fiscais engrossaram o movimento dos procuradores para ignorarem as mudanças que afetaram a velha CLT – Consolidação das Leis do Trabalho, de Getúlio Vargas, pois existem controvérsias sobre pontos que não obtiveram o consenso de todos.
Lamentavelmente, a gestão de um governo é uma arte que nem sempre são ensinadas nas escolas. Não havendo um razoável consenso da sociedade como a brasileira, existem muitas leis com as melhores intenções e aprovadas pelas maiorias exigidas que não “pegaram”, ocupando somente as publicações que ficam nas bibliotecas, esquecidas nos Diários Oficiais.
Estaria o Brasil condenado a um longo período de estagnação? Quem acompanha o noticiário internacional está sendo informado que, apesar de todas as dificuldades existentes, muitas economias no mundo começam a registrar um crescimento ainda modesto. Isto ocorre até nos Estados Unidos que têm um presidente muito controvertido. Muitos países europeus e asiáticos estão registrando crescimentos animadores que acabam disseminando seus benefícios pelo resto do mundo, sendo que o Brasil também está sendo beneficiado por esta tendência, apesar das limitações do atual governo.
Com um mínimo de racionalidade haveria condições de um crescimento mais elevado. Não se pode esperar que isto decorra de investimentos externos, pois os empresários estrangeiros costumam usar do chamado “lips service”, que não custando nada podem agradar a muitos, principalmente os que procuram notícias para seus veículos de comunicação. Não há dúvidas que o mínimo para se manter no mercado brasileiro continuará sendo feito, como no caso da indústria automobilística, mas imaginar que seja uma alavanca poderosa para o crescimento local ou internacional seria um exagero de otimismo.