Retrocessos Sobre os Corpos Humanos nas Artes
9 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: a atual discussão sobre os corpos humanos nas artes, evoluções ao longo da história, interferências inadequadas de considerações chamadas religiosas e conservadoras
Todos sabem que ao longo da história da humanidade o corpo humano, que sempre foi considerado como uma expressão da beleza, também teve períodos de retrocessos como no período da Inquisição. Esculturas que no passado distante eram apresentadas em todos os seus detalhes, inclusive dos órgãos sexuais, teve períodos em que estavam disfarçados com coberturas como de folhas ou sofreram mutilações por imposições religiosas indevidas ou considerações políticas conservadoras.
Famosa escultura Davi, de Michelangelo, com o seu pênis explícito
Mais recentemente houve períodos em que o conservadorismo, por variadas razões, inclusive religiosas ou militares, considerava inadequados os nus, principalmente para as crianças que não fazem estas considerações. É comum elas tomarem banhos de forma natural com seus pais ou irmãos, nada havendo que isto seja considerado anormal. No entanto, algumas distorções aparecem de vez em quando por parte de mal informados, criando problemas que não deveriam existir, notadamente quando se trata de arte que exige o máximo de liberdade.
Um artigo apresentado no site do O Globo, de autoria de Rafael Galdo, apresenta que a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, sempre apresentou modelos nus para inspirarem os alunos. Mais recentemente, com a liberalização de transexuais, muitos considerados do terceiro sexo, tanto que optaram por serem homens ou mulheres, muitos modelos assim classificados estão sendo utilizados.
Foi amplamente divulgado que mães que são a favor da liberdade para os filhos até para tocarem nos modelos que estão sendo apresentados ao vivo em exposições tenham sofrido restrições, ainda que avisos tenham sido colocados alertando que estas performances estão ocorrendo. O surpreendente é que tem havido reações desproporcionais contra a liberdade neste tipo de arte, provocando até um censura prévia para proibir este tipo de apresentação.
Quando existem amplas liberdades nos meios de comunicação social até para a pornografia, onde menores também podem acessar livremente cenas de sexo explícito, parece uma irrealidade estas discussões, como se adolescentes não soubessem muito mais do que seus pais supõem.
Parece que existem outros assuntos mais graves que mereceriam atenções, como todos os tipos de escândalos políticos que estão ocorrendo não só no Brasil como no mundo. O risco é que começando pelo que denominam arte, as restrições se estendam a outros setores da atividade humana, numa falsa moralidade.