Uma Nipo-Americana no Japão
16 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Cultura, Editoriais e Notícias | Tags: aparência japonesa sem falar o idioma local, artigo no Japan Today, dificuldades de uma nipo-americana no Japão
Muitos descendentes de japoneses nascidos e criados em outros países enfrentam dificuldades no Japão, como Kristy Ishii, uma nipo-americana, pois com aparência física dos locais não dominam sua cultura e o idioma. Acontece muito com os descendentes dos japoneses nascidos na América Latina, inclusive no Brasil.
Uma nipo-americana enfrentando dificuldades no Japão. Foto publicada no Japan Today
A nipo-americana Kristy Ishii relata as vantagens e desvantagens no Japão. Ela tem aparência japonesa, mas só falava inglês, é tinha dificuldades com os japoneses que entendem que ela devia dominar o idioma local. Chegavam a perguntar se ela é baka (estúpida). Num clube em Shibuya havia uma pessoa que queria falar com ela, mas sendo em inglês, recebeu a mensagem: desaparece. No aeroporto, ouvindo seu inglês perfeito, lhe perguntaram onde estudara. Numa loja que servia ramen, lhe perguntaram se ela era hafu (adaptação do half, ou mestiça). Alguns perguntaram quanto tempo morou no exterior e se gostaria de voltar para o Japão. Num evento, por não estar vestida como japonesa, recebeu a mensagem que dame dayo (isto não é permitido). E outros acontecimentos estranhos que os descendentes de japoneses sem o domínio da cultura e do idioma local enfrentam habitualmente. Realmente, poucos japoneses entendem que possa haver pessoas com a aparência de japoneses e que são estrangeiros.
Poucos são os japoneses gentis com estes estrangeiros com aparência física de japoneses, ainda que sejam principalmente com os ocidentais. Também os preconceitos dos japoneses determinam comportamentos com povos asiáticos, quando entendem que são “inferiores” culturalmente com relação a eles.
Segundo as estatísticas norte-americanas, 82,5% dos nikkeis americanos falam somente o inglês. Os asiáticos americanos, como os chineses e coreanos, 60% deles falam mais do que o inglês, tendo o domínio de um segundo idioma. No interior do Japão, quando ela falava num japonês insuficiente os habitantes locais ficavam confusos.
Os imigrantes japoneses e seus descendentes nos Estados Unidos também foram educados antes da Guerra com alguns costumes japoneses, mais como folclore. Na realidade, há uma tendência para respeitarem as culturas que consideram as mais avançadas. Depois de algum tempo, esforçando-se em aprender o japonês, a articulista se considera em situação mais confortável.
Na realidade, o conhecimento de mais do que uma cultura sempre acaba sendo interessante, pois habilita as pessoas entenderem os outros com visões diferentes. Mas parece indispensável que passe de um mínimo para o razoável, pois muitos mal entendidos poderão decorrer entre interlocutores que não estejam habilitados a se entenderem com estrangeiros.