Xi Jinping no 19º Congresso do PC Chinês
19 de outubro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a confirmação no Congresso do PCC, longo discurso sobre as diretrizes para a China até 2050, Xi Jinping está concentrando poder como Mao e Deng
Num país gigantesco como a China, ainda predominantemente autoritário, estes congressos que são realizados a cada cinco anos são preparados com muita antecedência, servindo mais para homologar decisões já tomadas.
Presidente Xi Jinping preside o 19º Congresso do PC Chinês, na abertura dos trabalhos. Foto publicada na Folha de S.Paulo, cujo artigo deve ser lido na íntegra
Num longo discurso de abertura do 19º Congresso do PC Chinês, o presidente Xi Jinping vem concentrando o poder naquele país, a ponto de ser considerado no mesmo nível de Mao Tsetung, que organizou a China atual depois da Segunda Guerra Mundial, e de Deng Xiaoping que, promovendo a introdução de parte dos mecanismos de mercado, obteve o início do desenvolvimento rápido daquele país.
Ele enfatizou no discurso de abertura que a China consolidará o socialismo ao estilo chinês, mas continuará aumentando a utilização dos mecanismos de mercado, com o uso de empresas privadas. Priorizará as pesquisas de tecnologias que aumentem a competitividade chinesa, ao mesmo tempo em que continuará melhorando a infraestrutura interna como a externa, com ajuda a outros países para consolidação da nova Rota da Seda. Promoverá reformas para o uso intensivo do mercado interno que estimulará o seu crescimento, melhorando o nível de renda de todos os chineses.
Ainda assim, o Estado continuará forte naquela economia, não somente para regular a atividade privada como também para modernizar todas as estatais para a redução da poluição e produção de novos materiais. Continuará combatendo a corrupção, nomeando seus auxiliares mais chegados a postos estratégicos do PC chinês, cuja lista deverá ser divulgada nos próximos dias. Ainda que tenha mais cinco anos de governo, completando uma década, muitos analistas aventam a hipotese de mudança nas tradições chinesas para um novo período de governo para Xi Jinping.
No seu discurso, enfatiza que a China continuará incrementando suas relações externas, mas não pretende uma hegemonia mundial, continuando a trabalhar diplomaticamente com seus parceiros internacionais. O padrão de vida dos chineses deverá continuar melhorando, com metas para diversos anos como 2020 até 2050.
Não há indicações de que grandes novidades ainda serão divulgadas, mostrando que tudo está caminhando como já foi planejado no passado, inclusive com a redução do poder efeitivo de antigos anciãos chineses, inclusive ex-presidentes. Os potenciais grupos que poderiam ser rivais no poder foram neutralizados, com acusações de corrupção de alguns dos seus membros.
Tudo indica que se pensou num razoável equilibrio dos poderes regionais, pois muitos centros contemporaneos foram planejados para o interior chinês, ao lado de grandes projetos que continuarão mantendo o desenvolvimento das locomotivas do desenvolvimento no litoral. Com a continuidade do desenvolvimento a taxas elevadas, tudo indica que a China se tornará o país mais importante no mundo, ultrapassando os Estados Unidos e a União Europeia, mesmo com o crescimento de outros asiáticos como a Índia.
Comparando com outros países importantes no mundo, nota-se que a China dispõe de uma capacidade para pensar a longo prazo, tendo os instrumentos para estimular o seu desenvolvimento. Os problemas são com as produções para atender as demandas de sua população, como alimentos, habitações, transportes e até cultura e lazer, ao lado da assistência médica para a sua população que vem aumentando sua expectativa de vida.
Poucos países possuem margens para atender todas as suas necessidades de recursos e ainda que o endividamento público da China seja elevada, toda ela está financiada com os recursos próprios. Mesmo assim, estimula os investimentos estrangeiros no país, tanto para atender as demandas locais como estimular novas tecnologias que aumentem a sua competitividade, como no caso dos veículos elétricos.
Mesmo que não seja possível adaptar todas as suas tecnologias, existem mecanismos de gestão de sua economia que dificilmente podem ser adaptados a outros países, por dispor de uma administração pública preparada.