A Situação Insustentável do Mundo Atual
21 de novembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: a reunião de Bonn estimulou a divulgação de muitos estudos, a situação aparenta ser dramática em diversas frentes, vai ficando claro que a atual situação mundial não é sustentável
A falta de um sentimento de urgência nas medidas para assegurar a sustentabilidade do mundo por parte de muitas autoridades parece estimular a atual maciça divulgação de estudos de variados tipos apontando os aspectos mais dramáticos dos problemas enfrentados pela humanidade. O artigo de Bill Joy, que vem lutando há tempos nesta área, mereceu uma divulgação ampla no The Washington Post.
Bill Joy é citado no The Washington Post como cientista de computação, inventor e investidor, sendo o principal pesquisador do Water Street Capital
Ele começa por alertar que vivemos hoje de forma insustentável. As emissões de gases de efeito estufa provocam mudanças climáticas desenfreadas e o perigoso excesso de nitrogênio contamina nossas águas. As últimas notícias informam a redução da massa de insetos no mundo que ajudam a polemizar as plantas. A tecnologia de informação transformou a economia mundial, mas não em áreas vitais como energia, materiais utilizados e alimentos, onde precisamos de sustentabilidade de forma desesperada, segundo o autor. Ele afirma que existem 25 grandes desafios de tecnologia limpa e ele vem trabalhando há mais de uma década para encontrar, financiar e comercializar os grandes avanços.
Um destes desafios era uma bateria barata e eficiente, que já está a caminho de sua ampla utilização, para eliminar os usos de combustíveis fósseis, onde o Reino Unido e a França já anunciavam a abolição dos veículos que os utilizam para 2040. Também a China caminha nesta direção. Países menos avançados como a Índia e Cuba também estão adotando meios para contribuir nesta área, ainda que em pequenas escalas. Mas não se pode negligenciar as empresas multinacionais que trabalham com o petróleo, inclusive a Petrobras com o seu pré-sal, e ainda apostam no petróleo para as próximas décadas.
Um setor que nem sempre é destacado é o do cimento para construções de variados tipos. O novo cimento que usa a tecnologia chamada Solidia economiza 70% de energia e água e consome quantidade substancial de dióxido de carbono, sendo mais leve, resistente e isolante do fogo, economizando também a madeira, segundo este autor.
No que se refere aos alimentos, as notícias não são ainda alvissareiras. Muitos são os estudos que estão sendo divulgados sobre as carnes de gado, aves e suínos que provocam gases poluentes, além de exigirem pastos e rações que precisam ser produzidos em grande escala, como no cerrado brasileiro ou na Amazônia, com a derrubada de muitas florestas que precisariam ser repostas. O assunto vem merecendo a atenção até de investidores como Bill Gates e Richard Branson e o Brasil contribui com o plantio direto que reduz a liberação do dióxido de carbono.
A preocupação deste autor vai até a pesca desenfreada para atender a crescente demanda que está eliminando muitas espécies de peixes, tanto nos mares como nas águas fluviais que já comprometem 90% de sua população. Na realidade, a demanda de peixes ampliou-se muito rapidamente, como um produto saudável chegando até povos de grandes dimensões demográficas como os chineses.
O que parece positivo é que estes debates acabam permitindo conhecimento de problemas e soluções que nem sempre é chegam ao grande público, o mais interessado na preservação do meio ambiente.