Cingapura Bem Administrada
20 de novembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: elevado padrão aproveitando a melhoria da economia mundial, equilíbrio no relacionamento com a China e com os Estados Unidos, pequeno país cidade que depende da economia mundial
Se existe um país que deve ser observado, este é Cingapura que hoje exerce um papel como a capital do Sudeste Asiático e depende do que acontece na economia mundial. Um artigo de Ann Koh sobre o assunto foi publicado no site da Bloomberg.
Turistas visitantes observam a iluminação de parte de Cingapura. Foto no site da Bloomberg, cujo artigo vale a pena ser lido na íntegra
Acompanho a evolução de Cingapura, com muita inveja, desde os anos 1960. Não passava de um porto controlado pelos ingleses, mas obteve a sua independência com uma população de chineses, malaios e hindus. No início, seu regime político era considerado autoritário, mas foi ampliando sua democracia com forte aprovação de sua população, diante do seu sucesso econômico.
Devido suas limitações, adotou um sistema de estímulo de pequenas empresas localizadas numa espécie de pavilhão, onde os principais serviços, como de fornecimento de energia elétrica, telefonia e outras facilidades, eram proporcionados para este conjunto. Trata-se de uma ideia que foi sugerida pelos holandeses para países que na ocasião ainda se chamavam subdesenvolvidos, cuja implantação também estava sendo estudada para o Brasil, numa variação das zonas especiais de exportação.
Cingapura consolidou-se como um centro financeiro onde diversos bancos internacionais atuavam, inclusive alguns brasileiros, funcionando como um centro que dava suporte para os seus vizinhos do Sudeste Asiático, tirando partido do porto e de uma pequena indústria naval voltada inicialmente para o reparo dos navios. O Brasil deixou de dar a devida importância à Ásia usando mecanismo que funcionam em alguns dos seus países.
Hoje, Cingapura consegue manter um bom relacionamento tanto com os Estados Unidos como a China, dependendo fortemente dos recursos humanos provenientes da Malásia, da qual está separada por um estreito que conta com uma ponte que permite um fluxo fácil de passageiros como muitos produtos que são fornecidos pelo seu vizinho, como a borracha natural que o Brasil importa daquele país, por intermédio de escritórios localizados em Cingapura, como os frequentes navios que usam o seu porto. Os demais países da região também utilizam Cingapura como uma espécie de capital daquela parte do mundo, que liga a Europa e o Oriente Médio com a Ásia.
O primeiro-ministro de Cingapura, Lee Hsien Loong, anuncia que o país deve registrar neste ano de 2017 um crescimento de 3%, que está no limite superior da média que deve acontecer no mundo desenvolvido sem maiores problemas. Mas continua contando com o que existe de melhor em universidades do mundo, num forte intercâmbio como os Estados Unidos, Europa e também a China, onde, além dos estudos acadêmicos, se preocupa com a execução de projetos criativos. É algo que o Brasil deveria estudar com muito cuidado, copiando e adaptando o que lá existe de melhor.