Tentando aproximar a Ásia da América do Sul e vice-versa

O Cooperativismo no Brasil

27 de novembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia, Editoriais e Notícias | Tags: aprendendo com as dificuldades do passado, suplemento no Valor Econômico, uma boa ideia que exige uma cultura para tanto

Um suplemento sobre o cooperativismo foi publicado pelo Valor Econômico informando que está havendo um aumento dos movimentos das cooperativas, ainda que o seu número não apresente um significativo crescimento.

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Gráficos constantes do artigo no suplemento do Valor Econômico

Entre outras funções, exerci o cargo de presidente do Conselho Nacional do Cooperativismo há muitas décadas. Este movimento exige dos participantes uma cultura específica que foi trazida ao Brasil pelos imigrantes. Pela sua natureza, a participação dos cooperados na governança desta organização não depende do volume de capital que ele destina, mas todos possuem o mesmo poder de voto nas suas assembleias. De outro lado, na medida em que elas vão crescendo, tendem a apresentar administradores profissionais que nem sempre possuem objetivos comuns com os produtores, pois seus volumes podem exigir habilidades para operações até internacionais, como no mercado de grãos. Reúne produtores de um só tipo de produto e seus objetivos podem ser uniformes, mas havendo diversificação, algumas atividades podem exigir, por exemplo, mais créditos que ficam com a responsabilidade de todos.

Entres os imigrantes japoneses e seus descendentes, houve um agigantamento exagerado das cooperativas com diversos níveis de governança, começando pelos locais para se estenderem aos regionais e chegando até ao nível nacional, onde os interesses dos produtos acabam sendo diversos, como entre avicultores, produtores de batatas e cereais, podendo gerar conflitos quando ocorre uma crise.

É evidente que houve um aprendizado com os fracassos passados e hoje se tem mais cuidados para que não ocorram distorções. Alguns que operavam no mercado mundial chegavam a contar com aviões da instituição, pois sua presença era exigida no exterior, afastando-se dos produtores, como em muitas cooperativas de italianos e seus descendentes no Brasil.

Hiroshi Saito, um sociólogo que pesquisou muitas cooperativas desde suas origens no exterior, informava que algumas adversidades como as climáticas exigiram um trabalho conjunto de uma comunidade, o que deu origem às cooperativas em algumas partes do mundo. Tudo indica que um exagerado agigantamento acaba criando dificuldades entres os dirigentes com os membros originais. Deve-se lembrar de que existem diversos tipos de cooperativas, inclusive de crédito ou de famílias de consumidores, não se prendendo somente à produção e a sua colocação no mercado, atendendo às necessidades dos seus membros, como na compra de insumos e de crédito.