Visões Globais Otimistas Apesar dos Problemas
16 de novembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: artigo otimista de Christopher Smart no Project Syndicate, somos afetados pelos problemas que nos são mais próximos, uma visão global com a superação de muitos problemas
Temos de admitir que somos afetados pelos problemas que nos são mais próximos, mas existem analistas globais que entendem que muitos problemas localizados estão sendo superados, permitindo uma média global que parece bastante razoável.
Mapa territorial do Mundo em 2017
Christopher Smart é um experiente especialista da economia mundial e um analista sênior no Carnegie Endowment for International Peace e já exerceu importantes cargos no governo dos Estados Unidos. Ele, como muitos analistas do FMI – Fundo Monetário Internacional ou do Banco Mundial, apesar dos muitos graves problemas que estão ocorrendo em muitos países do mundo e preocupam a todos, acabam com uma opinião global razoavelmente otimista do ponto de vista econômico e político, segundo Project Syndicate.
Ele admite que muitos analistas ficam com a impressão que estamos cercados de problemas mais próximos que nos dão a ideia de que estamos à beira do caos ou do colapso global. Mas, segundo ele, os investidores do mundo aparentam ser mais racionais, precificando os riscos políticos nas suas operações. Entende que investir é principalmente descontar o fluxo de retornos futuros para os valores atuais e as crises futuras, ainda que dramáticas e violentas, não afetam tão sensivelmente a média das análises de forma substancial ao longo do tempo.
Ele entende que são mais perigosas as mudanças graduais nas instituições internacionais que aumentam as expectativas de como os principais jogadores se comportarão na economia. Tais mudanças podem surgir lentamente, mas podem mudar fundamentalmente os cálculos dos riscos e dos potenciais retornos. Ele entende que está ocorrendo uma expansão ampla e sincronizada no mundo atual, como consta do relatório do FMI. Mesmo com os problemas graves do século 20, como Pear Harbor, o assassinato do John Kennedy ou os ataques terroristas em Nova York em 11 de setembro de 2001, os mercados se recuperaram com razoável rapidez depois destes eventos.
Hoje, com os problemas da Coreia do Norte, da Arábia Saudita e do Oriente Médio, da Turqui e até do Brasil e a desorganização da Venezuela, constata-se que estas adversidades localizadas poderão ser superadas com relativa rapidez pelo mundo. Mesmo as dificuldades criadas pelo governo de Donald Trump não aparentam ser de magnitude e profundidade para permanecerem por longos períodos atrapalhando a todos.
É possível concordar com este tipo de avaliação. O problema é que muitas vezes os problemas e prejuízos são arcados por alguns poucos investidores, não sendo distribuídos por todos para afetar as médias globais, acabando por influir no ânimo da maioria. De outro lado, tudo indica que as distribuições dos sacrifícios não têm sido proporcionais dentro da população, não afetando os privilegiados. Existe uma massa daqueles em situação mais precária que não conseguem sair da difícil situação em que estão colocados, sendo que as assistências sociais nem sempre são semelhantes em todo o mundo. O desejável é que os encargos, principalmente os tributários, incidissem mais pesadamente sobre os que estão no topo da pirâmide da distribuição de renda e da riqueza, quando são fortes as indicações que estão afetando de forma adversa os mais modestos.
Isto vem acontecendo tanto entre as pessoas que são os contribuintes como entre os países, ainda que muitos emergentes estejam melhorando rapidamente, acima do que a média global.