Embraer Foi Boa Enquanto Durou
22 de dezembro de 2017
Por: Paulo Yokota | Seção: Economia e Política, Editoriais e Notícias | Tags: dificuldades para um grupo brasileiro quando o país não caminha de forma brilhante, os entendimentos entre a Airbus e a Bombardier, um processo de continua concentração que continua na economia mundial | 8 Comentários »
Segundo a notícia constante no site da UOL, as primeiras informações vêm do The Wall Street Journal que tem credibilidade para tanto. É muito provável que entendimentos estejam ocorrendo entre o Boeing e a Embraer para que a primeira absorva a segunda, o que ainda depende da autorização do governo brasileiro. Mas as condições do mercado levam a crer que seja uma operação inevitável, desde que a Airbus estabeleceu um arranjo com a Bombardier neste mercado.
Os últimos modelos da Embraer em foto constante do site da UOL
Para os brasileiros não é uma notícia agradável, pois eles consideram a Embraer um dos poucos orgulhos que restam no Brasil. A Embraer nasceu como uma estatal e acabou sendo privatizada, a contar com o comando do grupo Bozzano Simonsen que, lamentavelmente, não tem condições de competir neste tipo de mercado internacional, onde a Boeing é a primeira e a Embraer é a terceira. Hoje, a Embraer tem como acionistas diversos grupos, mas não parece que tenham condições para passos ousados que são indispensáveis, sem o que poderia sofrer uma deterioração.
As ações da Embraer, que são cotadas na Bolsa de Nova York, subiram 26%, chegando a US$ 24,44, com perspectivas de novos aumentos, enquanto a da Boeing caiu menos de 1%, ficando em US$ 297,13, mostrando que estão já ocorrendo ajustamentos para a operação. O que o governo pode conseguir é somente pequenos acertos, notadamente na produção de aviões militares que sejam de interesse brasileiro, mas sem nenhuma condição para operações maiores no mercado internacional, para o qual não conta com o cacife indispensável.
Todos sabem que aviões, mesmo os dos tipos que estão programados para serem lançados nos próximos anos pela Embraer dependem das condições do mercado internacional e mesmo a Boeing sem o respaldo do governo norte-americano não pode continuar competindo com os europeus. Ela, que já opera em diversas faixas, deseja completar com os tipos de aviões produzidos pela Embraer.
Muitos dos aviões da Embraer já eram montados em diversos locais no exterior e sempre que se venda uma quantidade razoável há que se contar com instalações nos países compradores para a manutenção dos mesmos. Mesmo a Boeing produz componentes para diversas indústrias montadoras de aviões, como também absorvem peças produzidas pela Embraer e outras indústrias estrangeiras que também montam aviões.
Há que ser realista neste tipo de mercado, não dependendo somente dos dirigentes destas empresas. Um sinal claro que estes entendimentos estão em marcha final é que a Embraer informou à Folha que soltaria um comunicado com a brevidade possível sobre o assunto, o que ocorreu de forma muito geral. O governo brasileiro informa que não deseja que a Boeing controle a Embraer, mas para que esta possa continuar existindo é indispensável que lhe seja proporcionada condições de ampla operação no mercado internacional, o que parece pouco provável.
Não se trata, portando, do desejo de manter a Embraer brasileira, mas dar-lhe condições para a sobrevivência no competitivo mercado internacional de aviões que conta com poucos produtores de importância, que exige muito mais recursos do que muitos possam imaginar.
Se o governo brasileiro atual não tiver uma forte intenção de manter algumas empresas brasileiras no mercado internacional mesmo globalizado, em pouco tempo corremos o risco de passar a ser um país sem significado no cenário mundial, pois estamos correndo célere para este rumo, mesmo com a CVRD e a Petrobras. Também nestes casos não se trata da vontade, mas de possuir condições para tanto que, infelizmente, parece superar as condições que o Brasil dispõe no momento.
Mais um 7X1 na autoestima do brasileiro, caso confirmada a transação! Antes fosse vendida aos europeus da Airbus, que ao Império do Norte. O trabalhador brasileiro da empresa vai pagar aconta, com certeza!
Caro Alyson do Rosário Junior,
A Embraer luta quanto pode, e até pode conseguir uma pequena fatia no setor de aviões regionais, cuja demanda é elevada. Mas, precisa contar com o espaldo de longo prazo do governo brasileiro que tem se concentrado somente na sua sobrevivência de curto prazo.
Paulo Yokota
Triste situação Paulo já ouvi falar que querem desmontar a Embrapa também Tomara que seja so boato
Caro Mauricio,
A indústria de aviões necessita de pesados investimentos em pesquisas, bem como condições financeiras para competir com gigantes que contam com o respaldo dos seus governos. Pode-se conseguir algum arranjo, mas o cacife do governo brasileiro é baixo. A Embrapa procura fazer mais operações conjuntas com o setor privado, mas também já não conta com verbas para manter uma equipe jovem de pesquisadores.
Paulo Yokota
A Embraer fará FUSÃO com a Boeing ou alguma união em algum setor. O senhor está equivocado! Uma empresa como a Embraer nunca será comprada pelos gringos. É diferente do aconteceu com a Nissan que só existe como marca, pois a fabricante é a Renault.
Cara Simone Aparecida,
Há uma distância do que se deseje do que é possível. Esteja certa que sou profundamente ligado á Embraer que ajudamos a se consolidar tendo parentes próximos que estiveram em comandos importantes da empresa. O que estamos falando é do setor da indústria de construção de aviões no mundo que exigem visões de mais de 20 anos, com o preparo adequado de profissionais competentes. Está havendo necessidade de sacrificar pessoal altamente qualificado cujos salários são elevados. Outros países com grande capacidade financeira já deixaram de ter importância neste setor, infelizmente. O Brasil está sendo obrigado a salvar algumas de suas grandes empresas, como uma espécie de emergência.
Paulo Yokota
Compreendo o seu raciocínio,Prof. Paulo. A Embraer precisaria obter forte apoio governamental e subsídios para se manter competitiva no longo prazo, assim como outras nações fazem e, agora a China com a Comac entrando no mercado.
Mesmo assim, sem dinheiro para apoiar a Embraer frente à concorrência de gigantes, ainda acredito que o governo brasileiro tente uma negociação para manter alguns interesses do país preservados.
Caro Alyson do Rosário Junior,
Acredito que a missão de negociar uma boa solução depende dos seus acionistas, pois se ficar dependendo das autoridades brasileiras, infelizmente, poucos têm uma visão internacional suficiente para achar uma solução razoável. A Embraer que viemos ajudando desde a sua criação encontrou um mecanismo interessante com a participação de grandes empresas mundiais, cada um em sua especialidade, o que é um caso raro no mundo.
Paulo Yokota